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    Com reajuste da gasolina, etanol também deve subir

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    21/01/2015 02h00

    O aumento de impostos sobre a gasolina beneficia o etanol, que deve ganhar competitividade. Com o preço da gasolina em alta, a tendência é que a demanda por álcool hidratado aumente, abrindo espaço para reajustes também do combustível derivado da cana.

    "Os preços podem aumentar com a pressão sobre a oferta de etanol, o que será bom para recompor as margens do setor, que hoje estão negativas", disse a presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Elizabeth Farina.

    Ela ressaltou, porém, que o comportamento dos preços, tanto do etanol como da gasolina, vai depender de como o mercado vai se comportar (consumidores, distribuidoras, postos, usinas e a própria Petrobras).

    A estatal já informou que deve repassar a alta de PIS/Cofins e o retorno da Cide (tributo regulador do preço de combustíveis) para os preços nas refinarias. Considerando o repasse integral da alta dos impostos, o aumento seria de pelo menos R$ 0,22 por litro de gasolina.

    Para Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, a decisão cria um potencial de aumento para o etanol hidratado de R$ 0,15 por litro, o equivalente a 70% (paridade entre o preço do álcool e o da gasolina) de R$ 0,22.

    "Tendo em vista que as margens do setor têm ficado muito baixas, boa parte desse aumento potencial deve ser capturado pelo produtor", disse.

    Ele avalia que as usinas também terão espaço para aumentar o valor do etanol anidro, que é misturado à gasolina. Nesse caso, segundo Nastari, o aumento potencial passa a ser de R$ 0,22 por litro.

    "Temos estoques até abril ou maio do ano que vem e a oportunidade de praticar preços melhores para o período", disse o diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.

    ABASTECIMENTO

    Segundo Nastari, o setor sucroalcooleiro encerrou 2014 com estoques de etanol em nível recorde. Em 31 de dezembro do ano passado, eles eram 1,1 bilhão de litros superiores aos verificados na mesma data de 2013.

    "Esse estoque, causado pelo aumento na produção de etanol na safra passada, vai dar suporte ao aumento de consumo que deve ocorrer", afirmou.

    Para Rodrigues, da Unica, o aumento na geração de caixa das usinas -possibilitado pelas novas condições de mercado- deve estimular um crescimento no índice de reforma dos canaviais no próximo ano. Em 2014, eles ficaram 14% abaixo do ideal. "Podemos recuperar produtividade", disse.

    INVESTIMENTOS

    A volta da Cide é um antigo pleito do setor sucroalcooleiro, que entende que, pelas compensações ambientais, o biocombustível deve ter condições tributárias diferenciadas em comparação à gasolina.

    Farina comemorou a medida. Apesar de o objetivo principal da mudança ter sido o ajuste fiscal, ela entendeu o retorno da Cide como um sinal de que o governo federal está mais atento aos problemas do setor.

    A presidente da Unica ressaltou, no entanto, que a medida ainda não é suficiente para incentivar investimentos em ampliação da capacidade de produção.

    "É importante dar estabilidade às regras para retomar o ciclo de investimentos no etanol", disse.

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