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    Mercado aposta em alta do juro básico, a Selic, a 12,25% ao ano nesta quarta

    ANDERSON FIGO
    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    21/01/2015 12h00

    O Banco Central deve elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano, na reunião desta quarta-feira (21), na avaliação de economistas ouvidos pela Folha. Atualmente a Selic está em 11,75% ao ano.

    A inflação resistente, que deve ganhar força com os reajustes em transporte, combustíveis e energia autorizados no início deste ano, é citada como o principal balizador para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária).

    A alta de 0,50 ponto percentual é a aposta de 55 dos 60 economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg. Quatro veem um aumento mais modesto, de 0,25 ponto percentual, o que levaria a Selic a 12% ao ano. E um acredita que o BC pode apertar ainda mais sua política monetária, com uma alta de 0,75 ponto percentual, o que deixaria o juro básico em 12,5% ao ano.

    O último boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira (19), mostrou que a expectativa é de que a taxa básica de juros seja elevada a 12,25%. Os economistas consultados também deixaram inalterada a perspectiva de que a Selic encerrará este ano a 12,50% ao ano e 2016 a 11,50% ao ano.

    INFLAÇÃO PERSISTENTE

    A inflação no Brasil está longe de ser um problema controlado e isso pode fazer com que o Banco Central estenda o aperto monetário no país, segundo a equipe de análise do Banco Pine, composta por Marco Maciel, Marco Caruso e Lucas Brunetti.

    A avaliação do banco é que o tamanho do "choque inflacionário" neste começo de ano será grande. A expectativa é que o aumento dos preços supere a estimativa do último relatório de inflação do BC, quando o IPCA ficaria em 6,4% ao final do primeiro trimestre de 2015.

    "Apesar de o colegiado estar olhando para 2016 e aceitando uma maior inflação corrente, é importante perceber que a batalha contra as salgada expectativas de inflação está longe de ser vencida e passa por combater com ações efetivas os choques atuais, que encontram na perda de credibilidade da autoridade monetária e no pleno emprego ambiente propício para gerar os chamados efeitos de segunda ordem."

    A princípio, o banco espera um novo aumento na Selic de 0,25 ponto percentual em março, encerrando o aperto monetário com a Selic em 12,5% ao ano. Mas, segundo o Pine, há uma "probabilidade relevante" de alteração na perspectiva para um avanço de 0,5 ponto percentual em março e outro de 0,25 ponto percentual em abril, levando o juro básico a 13% no final do ciclo.

    "Joaquim Levy [ministro da Fazenda] até a votação do orçamento, a recente valorização do real e o acumulo de sinais de que a atividade segue enfraquecida, com diversos riscos disruptivos e negativos pela frente (Lava Jato e racionamento de água, por exemplo) favorecem o cenário base."

    Para Nicolas Tingas, economista-chefe da Acrefi (que reúne instituições de crédito e financeiras), a intensidade da alta não será muito forte. "O Banco Central não quer trazer a inflação para a meta este ano. Apenas sinalizar ao mercado que está observando o aumento de preços e também impedir que a economia desacelere mais", afirma.

    Tingas vê uma alta de 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira e mais um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de março. "Não dá para fazer mais aumentos porque a atividade econômica está perdendo força", avalia.

    AJUSTE FISCAL

    A extensão do aperto monetário por causa da inflação, porém, não é consenso. O economista-chefe da SulAmérica Newton Rosa avalia que o atual ciclo de alta dos juros não deve se prolongar, diante da promessa do governo de uma política fiscal mais contracionista ao lado de uma atividade econômica enfraquecida.

    Rosa acredita que o Banco Central deverá encerrar o aperto monetário com esta reunião de janeiro. Segundo ele, o IPCA-15 do primeiro mês do ano, prévia da inflação oficial, deverá registrar variação de 0,89%, se distanciando do patamar observado pelo dado fechado de dezembro (0,78%).

    "O índice deverá acusar as pressões típicas do início do ano, em meio às correções de preços importantes, como energia elétrica e tarifa de transporte urbano", afirma em relatório.

    Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, concorda com Rosa quanto ao fim do ciclo de alta da Selic, que, segundo ele, "não deve durar muito mais". A opinião é embasada no cenário do banco para 2015, com fraco crescimento e ajuste fiscal.

    Para Goldfajn, além do aumento de 0,5 ponto percentual neste mês, o BC deverá elevar a Selic em mais 0,25 ponto percentual em março, encerrando o aperto monetário em 12,50% ao ano.

    Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina, afirma que a desaceleração econômica pela qual o país passa impede que a Selic termine o ano em 13%. "Há toda uma preocupação com racionamento de energia, que vai acabar afetando o crescimento econômico", diz.

    Segundo ela, após a alta de 0,50 ponto percentual nesta quarta o Copom deve realizar uma mais branda, de 0,25 ponto percentual, em março.

    Essa é a mesma avaliação de Natalia Cotarelli, economista do BIP Banco Indusval & Partners. "Depende muito da atividade econômica. Mas além do efeito de curto prazo, do repasse de preços administrados, há também o efeito expectativa. O mercado trabalhava com uma inflação muito alta. Quando o aumento de preços acontece, a expectativa fica um pouco melhor", afirma.

    Folhainvest

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