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    Modelo de seguro-desemprego está totalmente 'ultrapassado', diz Levy

    DE SÃO PAULO

    23/01/2015 12h08

    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em entrevista ao jornal "Financial Times" que o modelo brasileiro do seguro-desemprego está "completamente ultrapassado".

    Em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, Levy disse que o país está em um período de austeridade e reformas, como as mudanças no pagamento de benefícios sociais, anunciadas em dezembro.

    O governo espera que as novas regras, mais rígidas, gerem uma economia de R$ 18 bilhões neste ano. Incluídas em medidas provisórias, que ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso, elas afetam também o acesso a pensão por morte, auxílio-doença e abono salarial.

    As mudanças no seguro-desemprego, válidas a partir de março, estão entre as mais impopulares e foram criticadas pelas centrais sindicais. Na terça-feira (20), o governo aceitou negociar com essas entidades as regras para a concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. A próxima reunião deve ocorrer em fevereiro.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O Ministro da Fazenda Joaquim Levy, ao anunciar o pacote de aumento de impostos na segunda-feira (19)
    O ministro Joaquim Levy ao anunciar o pacote de aumento de impostos na segunda-feira (19)

    CRESCIMENTO

    Além de citar as alterações nos benefícios, Levy disse ao jornal que, para colocar as finanças do governo em ordem, será necessário "fazer cortes em várias áreas". Ele afirmou que sua intenção é "se livrar dos subsídios e corrigir os preços", destacando o setor de energia como alvo potencial.

    O ministro reconheceu que a política de austeridade pode ter um impacto no desempenho da economia, afirmando que "o crescimento zero não pode ser descartado como possibilidade, ainda que o crescimento do PIB do Brasil venha demonstrando elasticidade"

    De acordo com o "Financial Times", ele argumentou que o país precisa mais de reformas de oferta do que de estímulos à demanda. Além disso, Levy se disse confiante de que "quando colocarmos a casa em ordem, a reação será positiva".

    Ao reafirmar que, apesar dos ajustes, o Bolsa Família não será cortado, Levy ressaltou que "as manifestações de 2013 pediam um governo melhor, não um governo maior".

    "A maioria das pessoas no Brasil está preparada para pagar por serviços", disse.

    Para o jornal inglês, a mensagem do Levy deve ser recebida calorosamente por muitos dos financistas e empreendedores reunidos em Davos.

    A imagem do Brasil entre os investidores sofreu nos últimos anos, por conta de preocupações quanto ao crescimento lento e a políticas governamentais vistas como excessivamente intervencionistas.

    Segundo o "FT", Levy falou da necessidade de manter os mercados financeiros do seu lado, declarando que "estaremos sempre atentos à nossa classificação de crédito".

    TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS

    Sobre o cenário mundial, Joaquim Levy disse acreditar que suas reformas estão em linha com tendências internacionais, principalmente com as políticas de controle destinadas a estimular a economia nos Estados Unidos e na China.

    "O mundo está mudando e é hora do Brasil mudar", afirmou, acrescentando que "políticas anti-cíclicas têm seus limites, especialmente quando você vê as duas maiores economias do mundo também alterando sua postura."

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