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    Análise: Dia de vida fácil para países emergentes está chegando ao fim

    ALAN BEATTIE
    DO "FINANCIAL TIMES"

    27/01/2015 02h00

    Nada irrita mais investidores especializados em mercados emergentes do que ver todos os países de renda média englobados em uma única categoria; e ódio especial é reservado ao rótulo Brics, aplicado a economias tão distintas como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

    A despeito de diferenças manifestas de estrutura e de qualidade na política econômica, os países emergentes sofreram unidos no ano passado diante do medo de uma alta nas taxas de juros e da queda nos preços das commodities.

    Dados os percursos e políticas econômicas muito dispares, é implausível que o boom dos mercados emergentes que data do começo dos anos 2000 tenha resultado apenas de captação a baixo custo e de um ciclo de preços altos para as commodities. Mas, com o fim do ambiente internacional propício, até mesmo as economias estáveis podem enfrentar dificuldade para obter crescimento no futuro.

    A queda no preço das commodities sempre prejudica exportadores de matérias-primas. Mas em alguns países os problemas foram agravados por políticas econômicas deficientes, gastos públicos excessivos e captação realizada com base em expectativas de arrecadação futura.

    Outros países, como a Rússia, tiveram seus erros agravados pela insensatez geopolítica.

    Os investidores estão simplesmente discriminando menos entre os países do que seus fundamentos econômicos divergentes pareceriam sugerir. O estado precário dos mercados financeiros de todo o mundo significa que os emergentes continuam a sofrer, coletivamente, os efeitos da fuga rumo à segurança nos momentos de estresse.

    Não existe muito o que as autoridades econômicas possam fazer sobre isso, a não ser manter o foco nos fundamentos e esperar pela volta da calma. Infelizmente, poucas delas têm agido assim na última década.

    Com uma ou duas exceções, reformas estruturais que melhorem a produtividade estão notavelmente ausentes nos países emergentes.

    Ao que parece, é muito mais fácil e compensador aproveitar os custos baixos de captação externa e a receita das exportações de commodities que enfrentar interesses escusos e promover o crescimento de longo prazo.

    Agora que as colunas de sustentação do boom de commodities e da captação barata ruíram, é muito importante que os países criem reputações próprias, em lugar de depender da marca comum de "mercado emergente".

    Os dias de vida fácil para os mercados emergentes estão chegando ao fim, e há trabalho duro a ser feito.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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