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    Com racionamento de energia, PIB pode retrair 1,5%, estima Credit Suisse

    RENATA AGOSTINI
    DE SÁO PAULO

    27/01/2015 16h59

    Um eventual racionamento de energia neste ano pode levar à contração de 1,5% na economia do país, estima o banco Credit Suisse.

    Segundo a instituição, por causa dos níveis atuais dos reservatórios de água e da falta de chuvas, a chance de um racionamento está agora em 40%. No final do ano passado, o banco estimava que a probabilidade de restrição de acesso à energia era de menos de 20%.

    Ueslei Marcelino/Reuters
    Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, durante a reunião ministerial desta terça (27), em Brasília
    Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, durante a reunião ministerial desta terça (27), em Brasília

    "Basicamente, se considerarmos o que ocorreu em 2001, calculamos que, para cada 10% de racionamento durante um ano, teríamos um ponto percentual de PIB a menos", disse Daniel Lavarda, economista do Credit Suisse, durante evento promovido pelo banco nesta terça-feira (27) em São Paulo.

    Se não houver racionamento, a economia brasileira deve recuar 0,5% em 2015, calcula o banco.

    Segundo o economista-chefe do banco, Nilson Teixeira, a Petrobras forçou um corte de 0,2 ponto percentual na projeção do PIB (Produto Interno Bruto). "A Petrobras representa cerca de 10% de todos os investimentos do país", afirmou.

    IMPACTO

    A instituição afirma que, caso o governo decrete racionamento após o término do período de chuvas, em abril, haverá um forte impacto na atividade no segundo e no terceiro trimestre.

    "Em 2001, o impacto foi visto no trimestre do anúncio e, logo em seguida, quando tivemos a maior redução", afirmou Lavarda.

    O crescimento de 2016 também seria afetado. O Credit Suisse estima que, por causa dos ajustes feitos neste ano, a economia brasileira voltaria a crescer no seguinte, registrando expansão de 1,5%. Caso haja racionamento, contudo, o aumento no PIB deve ficar em apenas 1%, projetam os economistas.

    "Isso levaria provavelmente ao carregamento estatístico para o ano que vem. Teríamos um ponto de partida em 2016 muito menor do que esperávamos há alguns meses", disse Lavarda.

    INFLAÇÃO

    Para o banco, a inflação este ano deve ficar sempre acima de 7%, situação que não se via desde 2003, afirmou o economista-chefe da instituição, Nilson Teixeira.

    O eventual racionamento de energia pode pressionar ainda mais os preços, levando a um acréscimo de 0,7 ponto percentual na taxa, de acordo com o banco. A inflação terminaria o ano em 7,8%.

    "Ocorreria principalmente por conta de um aumento ainda maior nas tarifas de energia, água e esgoto e por uma maior inflação de alimentos, principalmente a dos alimentos in natura", afirmou Iana Ferrão, economista do banco.

    Para o Credit Suisse, há dúvidas de como o governo reagiria num cenário de inflação ainda mais alta e redução mais brusca da atividade.

    "Não está claro se manterá os ajustes ou se voltará à política de alíquotas de impostos e subsídios", afirmou o economista do Credit Suisse Leonardo Fonseca.

    O banco afirma, contudo, que o mais provável é o resgate de políticas de incentivo aos setores produtivos e aumento maior na taxa de juros.

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