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    Análise: Perspectivas para o ajuste fiscal ficam mais sombrias

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    31/01/2015 02h00

    Com os recém-divulgados resultados das contas públicas em 2014 e o pessimismo crescente em relação à atividade econômica, as perspectivas para o ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ficaram mais sombrias.

    Em novembro, quando foi anunciada a meta de poupar neste ano R$ 66,3 bilhões -R$ 55,3 bilhões no governo federal e o restante nos Estados e municípios- para o abatimento da dívida pública, o mercado esperava um crescimento do PIB de 0,8%.

    De lá para cá, as projeções desabaram para 0,13% e não será surpresa se caírem abaixo de zero, como já calculam boa parte das consultorias e bancos pesquisados.

    Por mais defeituosas que sejam as bolas de cristal dos economistas, a rápida piora das expectativas reflete e alimenta a queda da confiança de empresários e consumidores, o que tende a minar a expansão da economia -e da arrecadação de impostos.

    Esgotou-se também o arsenal de receitas extraordinárias empregado pelo governo Dilma Rousseff na tentativa de fechar as contas federais dos últimos anos.

    Dividendos das estatais, por exemplo, estarão comprometidos pela crise da Petrobras e pela necessidade de ajustes nas empresas e nos bancos oficiais.

    Além disso, os deficit contabilizados nos caixas do Tesouro Nacional e dos governos estaduais mostram uma deterioração mais grave do que se imaginava.

    "Os resultados fiscais de dezembro surpreenderam para baixo novamente, e a dívida pública segue em alta. O ponto de partida para o ajuste fiscal é mais desfavorável do que pensávamos", afirmou relatório distribuído nesta sexta-feira (30) pelo Itaú Unibanco.

    Até agora, Fazenda e Planejamento lançaram medidas de elevação de tributos, com ganho anual esperado de R$ 20,6 bilhões, e de restrições a benefícios sociais, com impacto estimado, ainda de forma pouco clara, em R$ 18 bilhões.

    Falta ainda um corte nas despesas programadas para o ano -até agora, foi feito um bloqueio preventivo de até R$ 23 bilhões no custeio.

    Não parece muito para um setor público que terminou 2014 com um saldo quase R$ 100 bilhões abaixo do prometido para 2015.

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