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    Em um ano, fundos reduzem em 58% aplicações na Petrobras

    GILMARA SANTOS
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    02/02/2015 02h00

    Grandes investidores se anteciparam à piora da saúde financeira da Petrobras e já no ano passado se desfizeram em grande quantidade das ações da companhia.

    Nos últimos 12 meses até outubro de 2014 (dados mais recentes disponíveis), quando ganharam força as denúncias de corrupção envolvendo a estatal, os chamados investidores institucionais, como fundos e empresas de investimento, reduziram em 58% o volume aplicado em papéis da Petrobras, de R$ 7,4 bilhões para R$ 3,1 bilhões, segundo levantamento da consultoria Comdinheiro para a Folha.

    Ricardo Borges - 29.jan.15/Folhapress
    A presidente da Petrobras, Graça Foster, concede entrevista na sede da empresa, no Rio de Janeiro
    A presidente da Petrobras, Graça Foster, concede entrevista na sede da empresa, no Rio de Janeiro

    O número desses investidores também caiu: 19%, de 216 para 174 gestores.

    "Isso mostra desânimo dos fundos. Se eles acreditassem na recuperação da companhia, estariam comprando, uma vez que o preço das ações está baixo", afirma Rafael Paschoarelli, professor da USP e responsável pelo estudo.

    As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas e sem direito a voto, terminaram a sexta passada (30) em baixa de 6,51%, cotadas a R$ 8,18. E as ordinárias, menos negociadas, com direito a voto e cujo principal acionista é a União, caíram 5,08%, para R$ 8,04.

    As ações preferenciais chegaram a R$ 52,51 no recor- de de alta, em 21 de maio de 2008. E as ordinárias, a R$ 62,30, na mesma data.

    "A decisão dos gestores [de tirar os investimentos da companhia] não ocorreu do dia para a noite. Eles vêm avaliando a situação há bastante tempo e seguraram até o último minuto para sair", diz Willian Eid, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

    Na sexta, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota da estatal e afirmou que pode retirar o chamado grau de investimento (chancela de local seguro para investir) ainda neste mês.

    Ao justificar sua decisão, a agência mencionou as investigações sobre corrupção na estatal e possíveis impactos do atraso da divulgação do balanço auditado na saúde financeira da companhia.

    Editoria de Arte/Folhapress

    DESVANTAGEM

    Eid ressalta que, em geral, o pequeno investidor leva desvantagem em relação ao institucional na aplicação em ações porque tem menos informações para se antecipar a situações críticas.

    Paschoarelli acrescenta que, no cenário atual, o pequeno investidor deve observar o que os grandes estão fazendo antes de decidir manter ou vender suas ações.

    Para o economista, uma eventual recuperação da empresa está diretamente ligada à troca de comando.

    "Se entrasse alguém como Joaquim Levy [ministro da Fazenda], seria uma boa sinalização para o mercado", afirma Paschoarelli.

    Para Valter Police, planejador financeiro, a primeira pergunta a ser feita é: hoje você compraria novas ações da empresa?

    "Se a resposta for positiva, mantenha as ações. Caso contrário, venda", diz, destacando ainda que a análise deve contemplar não só o que está ocorrendo hoje mas o que deve acontecer no futuro.

    "O mercado de ações só tem tendências, não há certezas. Por isso a decisão é tão difícil", diz Police.

    Folhainvest

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