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    Banco Central troca linha-dura por executivo do mercado financeiro

    EDUARDO CUCOLO
    TONI SCIARRETTA
    DE BRASÍLIA

    06/02/2015 02h00

    Pela primeira vez em cinco anos, um economista vindo do mercado financeiro fará parte da diretoria do Banco Central. O economista Tony Volpon, diretor de mercados emergentes da gestora japonesa Nomura Securities em Nova York, ocupará a cadeira de Assuntos Internacionais.

    A principal mudança, no entanto, é a saída de Carlos Hamilton Araújo, que estava na diretoria de Política Econômica desde abril de 2010.

    Hamilton era visto como o membro mais crítico à gestão Guido Mantega no Ministério da Fazenda e também o diretor que tinha uma posição de maior preocupação com o combate à inflação.

    Durante a campanha eleitoral ele chegou a contrariar a presidente Dilma Rousseff ao se dizer favorável à autonomia do BC.
    Em seu lugar, assume Luiz Awazu Pereira da Silva, que comanda duas diretorias do BC -Assuntos Internacionais e Regulação. A área internacional ficará com Volpon, que, como não é diretor do BC, será sabatinado pelo Senado.

    A outra vaga ocupada hoje por Awazu ficará com Otávio Ribeiro Damaso, que ocupa a chefia de gabinete do presidente do BC, Alexandre Tombini. Ele já trabalhou no Ministério da Fazenda na época em Joaquim Levy era secretário do Tesouro.
    Volpon será o primeiro economista vindo do mercado financeiro a ocupar uma cadeira na instituição desde março de 2010, quando Mário Mesquita deixou o BC.

    Na época, a saída de Mesquita foi atribuída ao fim do ciclo de aumento nas taxas de juros a poucos meses da eleição presidencial.
    Uma das consequências da mudança é que haverá mais um diretor votando no Copom (nove no total).

    Funcionário de carreira do BC, Hamilton foi o mais longevo diretor nesse cargo e negociava sua saída desde o final de 2014, oficialmente, por estar "cansado". Ele ainda não tem destino definido.

    A diretoria de Política Econômica é responsável pelos documentos mais importantes do BC, como o relatório de inflação e a ata do Copom.

    REPERCUSSÃO

    Economistas do mercado lamentaram a saída de Carlos Hamilton.

    "Saiu o único diretor que, tecnicamente, entendia de política monetária", disse o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor da área internacional do BC e colunista da Folha. "Mas não vai mudar muita coisa no Banco Central", acrescentou.

    Para Alex Agostini, economista da Austin Ratings, as mudanças não terão impacto na condução da política monetária.

    "A tendência é que eles seguirão a mesma linha de orientação. Acredito mais que seja um ajuste interno de pouco impacto", afirma.

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