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    Lava Jato

    Petrobras despenca após escolha de Bendine para comando da estatal

    DE SÃO PAULO

    06/02/2015 10h55

    As ações da Petrobras operam com forte queda nesta sexta-feira (6) após a escolha do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para assumir o comando da estatal no lugar de Graça Foster. A desvalorização dos papéis faz com que Bolsa brasileira aprofunde a baixa antes da divulgação dos dados de emprego fora do setor agrícola nos Estados Unidos.

    Às 10h53, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 1,38%, para 48.552 pontos. Das 68 ações negociadas no índice, 63 caíam, quatro subiam e uma se mantinha inalterada.

    A maior queda do índice era protagonizada pelas ações da Petrobras, que desabavam mais de 5% após a escolha do atual chefe do Banco do Brasil para assumir a estatal. Às 10h54, os papéis preferenciais da empresa, os mais negociados, tinham desvalorização de 5,40%, para R$ 9,27. Os ordinários, com direito a voto, tinham queda de 5,48%, a R$ 9,13.

    Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto.

    Ele foi escolhido para o cargo na gestão do ex-presidente Lula para reduzir os juros banco e o aumentar do volume de crédito. Na ocasião o mercado não gostou da mudança, e as ações do BB caíram 8,15% num dia em que a Bovespa subiu 0,82%. Investidores viram a troca como uma interferência do governo, que estaria insatisfeito com a demora do BB em reduzir suas taxas para estimular a economia e amenizar a crise de então.

    Às 10h54, as ações do Banco do Brasil tinham queda de 2,54%, para R$ 22,21. Bendine sofreu forte desgaste no banco e no governo nos últimos meses. Em agosto do ano passado, a Folha revelou que ele foi autuado pela Receita Federal por não comprovar a origem de aproximadamente R$ 280 mil em seu patrimônio.

    No mesmo mês, a Folha divulgou que um ex-motorista do BB, em depoimento ao Ministério Público Federal, afirmou que fez diversos pagamentos em dinheiro a pedido de Bendine e que também transportou recursos em espécie a mando do presidente do BB.

    Em outubro, a Folha mostrou que Val Marchiori obteve R$ 2,7 milhões num empréstimo subsidiado pelo governo, a partir de uma linha do BNDES, contrariando diversas normas internas do BB.

    CORREÇÃO DE LUCRO

    Para Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora, a queda dos papéis já era esperada, após as altas fortes registradas principalmente nos dois primeiros dias da semana.

    "O mercado acaba usando a informação do novo nome do presidente para correção de lucro. Não acredito que seja totalmente um impacto negativo pelo nome, mas sim um pretexto para o investidor que aproveita qualquer notícia para começar a vender", ressalta.

    Na avaliação do analista, a médio e longo prazo há expectativa de mudança. "A companhia chegou no fundo do poço. Por isso, agora há um viés mais positivo do que de queda na Petrobras", afirma.

    Ele lembra que, na gestão de Bendine, o Banco do Brasil apresentou bons balanços. "Apesar de ser um nome ligado ao governo, não acho a indicação tão ruim", diz.

    Os investidores aguardam ainda os dados sobre emprego fora do setor agrícola dos Estados Unidos, que são considerados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) na hora de definir sua política monetária.

    No mercado doméstico, o IPCA (índice oficial de inflação) começou o ano pressionado, com alta de 1,24% em janeiro, a maior desde fevereiro de 2003 (1,57%). Em dezembro, o índice já havia sido elevado (0,78%), resultado que levou o IPCA a fechar o ano de 2014 muito perto do limiar da meta do governo -ficou em 6,41% para um teto de 6,5%.

    "A pressão inflacionária já estava precificada pelo mercado. Apesar de o dado de IPCA chamar a atenção, a Petrobras está roubando a cena nesse período", diz Martins.

    CÂMBIO

    No mercado cambial, o dólar opera em alta em relação ao real nesta sexta-feira. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,68%, para R$ 2,756, às 10h51. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha alta de 0,40%, para R$ 2,756.

    Nesta manhã, o BC deu sequência às intervenções diárias no mercado de câmbio e vendeu 2.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólar). Foram vendidos 1.000 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.000 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

    O BC fará ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de março, que equivalem a US$ 10,438 bilhões, com oferta de até 13.000 contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 25% do lote total.

    Folhainvest

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