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    Presidente da Telecom Italia descarta compra da Oi pela TIM

    JULIO WIZIACK
    DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    21/02/2015 02h00

    O mercado de telefonia no Brasil aguardava o desfecho de uma possível negociação de fusão entre Oi e TIM. Mas nesta sexta-feira (20) Marco Patuano, presidente da Telecom Italia, dona da TIM, colocou a transação na geladeira. "Não faz sentido agora", disse em entrevista à Folha.

    Nos planos da Telecom Italia está investir R$ 14 bilhões na TIM Brasil pelos próximos três anos, R$ 3 bilhões a mais que no triênio passado, até que surjam novas oportunidades de aquisição.

    "De acordo com o nosso plano, podemos seguir adiante sem comprar nenhuma empresa", disse.

    A seguir, os principais trechos da entrevista:

    *

    Folha - A Telecom Italia investirá mais no Brasil nos próximos anos. Esse fortalecimento da TIM significa que a possível fusão com a Oi está fora de questão?
    Marco Patuano - Passamos quatro meses avaliando os números que são públicos da Oi e chegamos à conclusão de que a possibilidade desse negócio gerar valor não estava evidente. A estrutura da companhia é complexa, havia muitas dúvidas.

    Então vocês ficarão fora do jogo da consolidação no Brasil?
    Não. Neste momento, a Oi não parece ser o caminho mais adequado. Mas pode vir a ser. Percebemos que o Rodrigo Abreu [presidente da TIM] fez um trabalho incrível nos últimos dois anos e achamos que valia mais a pena dar mais dinheiro na mão dele para que possa fazer melhor e mais rápido.

    Vocês perderam a GVT para a Telefônica e a Oi não é uma empresa de jogar fora. Não temem ficar para trás caso a Oi se junte a outra companhia?
    Não faremos apostas a qualquer preço. Vamos avaliar, como estamos avaliando, as melhores opções. Não descartamos a Oi. Só não precisamos entrar em um negócio que não trará os melhores resultados para o grupo.

    Por mais enrolada que seja a situação da Oi, o senhor não teme receber uma proposta de compra da TIM nos próximos dias?
    Se essa proposta chegar, será meu dever encaminhá-la para análise [do conselho] e aí decidiremos se ela vai gerar valor ou não à companhia. Até hoje não recebi nenhum contato oficial da companhia [Oi] nesse sentido.

    Até o final do ano passado, havia a crença no governo brasileiro de que o futuro da TIM era ser vendida em pedaços para Oi, Claro e Vivo. Por que essa visão mudou radicalmente?
    Acho que ela nunca existiu. Independente disso, acredito que o governo percebeu que a TIM está dando respostas claras de que tem um plano de negócio consistente e está entregando resultados. A Oi se juntou à Portugal Telecom para se tornar uma empresa global de língua portuguesa, e esse plano já mudou com a venda da PT.

    Sem a Oi, haveria outra opção de compra no país para a TIM?
    O Rodrigo [Rodrigo Abreu, presidente da TIM] não para de me pedir dinheiro para comprar empresas de fibra. E ele está certo. Está equivocada a ideia de que a TIM não tem rede fixa própria. Avançamos consideravelmente nos últimos anos. Adquirimos a Intelig, depois a Atimus. E estamos construindo rede própria compartilhada. Existem outras empresas de fibra que fariam sentido para nós. Mas, de acordo com o nosso plano, podemos seguir adiante sem comprar nenhuma empresa.

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