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    Risco de recessão neste ano já entra nos cálculos do governo Dilma

    VALDO CRUZ
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    22/02/2015 02h00

    A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já avisou à chefe que há, sim, um risco real de o Brasil entrar em recessão neste ano.

    Em alguns cenários traçados, projeta-se uma queda de 0,5% a até 1% da atividade econômica em 2015.

    O número preocupa a cúpula do governo diante das dificuldades de reverter, no curto prazo, tal quadro.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A projeção pessimista levou setores da Esplanada dos Ministérios a defender a montagem de um programa de incentivo aos investimentos como forma de garantir a volta do crescimento em 2016. Entretanto, por ora, o Ministério da Fazenda resiste a uma solução que passe por elevar o nível do gasto público.

    Titular da pasta, Joaquim Levy tem dito nos bastidores que, se houver dúvidas por parte do mercado de que o Executivo fará um ajuste fiscal suficiente para segurar as despesas, os investidores ficarão na defensiva.

    Nas reuniões sobre o tema, a avaliação é que a recessão não só "bateu na porta do país como já começou a entrar". Isso se deve, principalmente, à crise da Petrobras, ao apagão hídrico e à situação energética no país.

    O cenário é bem pior do que o imaginado no final do ano passado, quando o governo acreditava que poderia fechar 2015 com crescimento pequeno ou nulo. A última projeção oficial foi feita no final de 2014 e registrava um crescimento de 0,8%.

    Oficialmente, Levy refuta que o cenário recessivo já esteja configurado. Afirma que a economia brasileira é muito resiliente e, mesmo em 2002, ano da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, não houve recessão.

    Ocorre que, ao assumir o posto, foi o próprio ministro quem prometeu abandonar previsões do governo e passar a utilizar projeções do mercado. No levantamento divulgado pelo Banco Central na semana passada, a média das projeções apontou para uma retração de 0,42% na atividade econômica neste ano.

    Levy tem tentado convencer seus colegas e a presidente da República a rever as desonerações da folha de pagamento concedidas nos anos finais de seu antecessor imediato, Guido Mantega.

    Para o atual chefe da equipe econômica, conforme relatos de pessoas que estiveram com ele, é preciso "suspender um pouquinho essa terapia porque o paciente não está respirando muito bem".

    Para a equipe de Dilma, a piora no cenário externo gera instabilidade mundial e pressiona o dólar.

    A Grécia, por exemplo, voltou ao centro das turbulências econômicas diante da resistência da Alemanha em prorrogar o acordo de empréstimos ao país.

    DOSE DUPLA

    Se o cenário de recessão neste ano se concretizar, o país deverá enfrentar dois anos seguidos de retração econômica. Na semana passada, em encontro com investidores e analistas em Nova York, Levy afirmou que o Brasil pode ter encerrado 2014 com queda no PIB. O resultado oficial será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no final do próximo mês.

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