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    Petrobras desaba após rebaixamento e derruba Bolsa; dólar avança

    DE SÃO PAULO

    25/02/2015 10h54

    As ações da Petrobras operam com forte queda nesta quarta-feira (25), um dia após a agência de classificação de risco Moody's rebaixar a nota de crédito da empresa. Com a queda dos papéis, a Bolsa brasileira tem desvalorização superior a 1%.

    Às 15h48, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 0,59%, a 51.570 pontos. Das 68 ações negociadas, 39 subiam, 27 caíam e duas se mantinham inalteradas no horário.

    As ações da Petrobras operam com forte queda nesta sessão. Às 15h49, os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, caíam 5,98%, a R$ 9,27. As ações ordinárias, com direito a voto, tinham queda de 5,33%, a R$ 9,22, no mesmo horário. Os papéis (ordinários e preferenciais) chegaram a ter desvalorização superior a 7% no início dos negócios.

    Ações da Petrobras

    A empresa perdeu na terça-feira o chamado grau de investimento, espécie de selo de local seguro para investir, da agência de classificação de riscos Moody's, considerada uma das mais austeras em suas avaliações.

    O motivo foi a crescente dificuldade de a empresa conseguir publicar o balanço auditado, levantar dinheiro no mercado de capitais e o impacto que isso terá em seu caixa nas próximas semanas.

    A queda dos papéis é resultado da saída de investidores estrangeiros, que precisam se adequar a seus regimentos, afirma Roberto Indech, analista da corretora Rico. "Era uma decisão esperada, mas como só após o rebaixamento os investidores são obrigados pelos regimentos dos fundos de investimento a retirar os recursos, o impacto maior começa hoje. Esses fundos não podem investir em empresas com grau especulativo", diz.

    Para perder o grau de investimento, a empresa precisa ser rebaixada por mais de uma agência de classificação de risco, de acordo com a XP Investimentos. A empresa lembra que "normalmente, elas seguem as decisões de outras". "Assim, a probabilidade de rebaixamento no curto prazo é grande", afirma a XP.

    O rebaixamento, que ocorre duas semanas após a troca no comando da estatal, terá como consequência a saída de investidores, como fundos de pensão e de investimento, que não podem colocar dinheiro em ações e dívidas de empresas consideradas de alto risco de calote, como é agora a Petrobras.

    Sem balanço auditado, a estatal não conseguia levantar recursos no mercado de capitais. A mudança deve tornar ainda mais caro o financiamento da companhia. Também deverá impactar os custos de financiamento de toda a cadeia de óleo e gás, que tem na Petrobras a principal intermediadora junto aos bancos e ao mercado financeiro. Pelo menos R$ 9 bilhões em papéis de fornecedores da Petrobras estão nos fundos de investimento brasileiros

    A dúvida agora, afirma Indech, é se o governo vai capitalizar ou não a empresa neste ano e como se daria essa capitalização. "A Petrobras vai ter dificuldade em encontrar financiamento mais barato, então o custo de sua dívida sobe mais ainda para manter os investimentos", afirma o analista da Rico.

    O rebaixamento da estatal pela Moody's também pode sinalizar que a nota de crédito do Brasil será cortada pela agência de classificação, afirma Indech. "O mercado ainda deu um certo fôlego para o [Joaquim] Levy (ministro da Fazenda), mas a empresa não teve essa chance. Isso indica que a Moody's pode rebaixar, sim, a nota de crédito do Brasil."

    Em relatório, Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, disse que as agências Standard & Poor's e Fitch também devem rebaixar a nota de crédito da empresa.

    DÓLAR

    No mercado cambial, o dólar voltou a subir ante o real, após o alívio provocado na terça-feira pelo discurso de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Às 15h49, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha alta de 1,56%, a R$ 2,877. No mesmo horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subia 1,48%, a R$ 2,876.

    A presidente do Fed falou hoje ao meio-dia (horário de Brasília) na Câmara, após discursar na terça ao Senado, mas sem grandes novidades em relação ao discurso do dia anterior.

    A alta da moeda americana é resultado do aumento da aversão ao risco no país após o rebaixamento da Petrobras. Lá fora, as principais moedas emergentes operam em baixa em relação ao dólar, após o alívio também na situação grega, com a aprovação do pacote de reformas proposto pela Grécia como forma de conseguir a prorrogação de seus empréstimos.

    O real é a moeda que mais sofre depreciação em relação ao dólar nesta sessão. Das 24 principais moedas emergentes, 17 têm apreciação em relação ao dólar.

    Nesta manhã, o BC brasileiro deu sequência a suas atuações diárias e vendeu a oferta total de até 2.000 contratos de swap cambial (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro). Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,9 milhões.

    O BC também vendeu a oferta integral de até 13.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 91% do lote total.

    Folhainvest

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