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    Com greve de caminhoneiros, preços de frutas dobram em SP

    NICOLAS ANDRADE
    DE SÃO PAULO

    25/02/2015 14h09

    A greve dos caminhoneiros, deflagrada há uma semana, já afeta os preços de frutas em São Paulo pela dificuldade de alguns produtos chegarem à cidade.

    Feirantes afirmam que a caixa de laranja com 24 kg, que era vendida a R$ 30 na semana passada, custava R$ 55 nesta quarta-feira (25) na Ceagesp.

    Na feira da Vila Madalena, a embalagem de caqui com 6 unidades era vendida, nesta quarta, a R$ 7. Na semana passada, saía por R$ 4.

    O quilo da banana prata era vendido por R$ 4,49. Na semana passada, por R$ 2,89.

    VERDURAS E LEGUMES

    Feirantes afirmam que a caixa de chuchu com 24 kg, que era vendida no Ceagesp a R$ 10 no começo do ano e a R$ 30 no fim do mês passado, estava custando por R$ 70. A caixa do tomate foi comercializada pelo mesmo valor.

    O preço do chuchu, para o consumidor, por exemplo, dobrou. Enquanto na semana passada saía a R$ 3,50, nesta passou a R$ 7. O preço do quilo do tomate também dobrou, para R$ 8.

    Já a qualidade, caiu. "Isso aqui dá só para o molho", afirmou o feirante Aleandro Santana, apontando para os tomates de sua banca em uma feira da zona oeste da cidade.

    Segundo ele, os tomates que encontrou hoje já estavam no entreposto há pelo menos 15 dias, e boa parte da carga adquirida, perdida.

    Há 20 anos na feira da rua Cayowaa, na zona oeste, Bira, como é conhecido pelos clientes, reclama dos preços. "Aumentou tudo. Semana passada, eu comprava uma caixa de laranja por R$ 35. Hoje [nesta quarta] comprei por R$55", disse.

    "Encareceu porque não tem", disse o feirante Almir Ferreira. Ele afirma que não encontrou no Ceagesp todas as frutas que vende: caqui, pêssego, uva e goiaba.

    Com a alta nos preços, a empregada doméstica Socorro de Souza (55) deixou de comprar o que precisava –trocou bananas e mangas por duas sacolas com laranjas.

    "Minha avó dizia que chegaria um tempo em que não teríamos dinheiro para comprar comida. Esse tempo parece que chegou. Está tão caro que não dá nem para comer capim pela raiz", reclama a aposentada Aparecida Ramada.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CEAGESP

    O Ceagesp informou que teve uma queda de 10% no recebimento de frutas produzidas na região Sul do país, como melancia, maçã, pera e ameixa. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina estão entre os Estados mais afetados pela manifestação dos caminhoneiros.

    Atacadistas também apontam que, a partir do final desta semana, a oferta de produtos como banana, mamão e morango também pode diminuir.

    As cargas dessas mercadorias estão paradas em Governador Valadares (MG) e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (MG) e de Curitiba (PR). Segundo a assessoria de imprensa do entreposto, há carregamentos retidos nas rodovias desde o último domingo (22), o que já ocasionou perdas.

    O abastecimento de verduras, legumes e hortaliças, no entanto, ainda não é afetado, pois cerca de 80% desses alimentos vendidos na Ceagesp são produzidos no Cinturão Verde de São Paulo, região que abrange cidades como Mogi das Cruzes, Suzano e Jundiaí -região onde ainda não há bloqueio de rodovias.

    De acordo com a assessoria de imprensa da Ceagesp, ainda não é possível estimar o impacto da greve nos preços das frutas. O próximo levantamento de preços no entreposto deve ser realizado no início da próxima semana.

    O Ministério da Agricultura informou que ainda não há um levantamento sobre as consequências das manifestações para o setor. No Ministério do Trabalho, acontece nesta quarta uma nova rodada de negociações entre entre autoridades e representantes dos caminhoneiros e transportadoras.

    GREVE
    Os caminhoneiros, que fazem protestos pelo país desde a semana passada, pedem redução no preço do diesel e do pedágio, tabelamento dos fretes e a sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho –a categoria quer a liberação de mais horas trabalhadas por dia para aumentar os ganhos.

    A presidente afirmou, no entanto, que não é possível reduzir o preço do combustível. "O governo não tem como baixar o preço do diesel",

    disse. Segundo ela, o governo não elevou o preço do óleo, mas apenas recompôs o valor da Cide (tributo regulador do preço de combustíveis). "O que fizemos foi recompor a Cide. E não elevamos uma vírgula o preço dos combustíveis e nem abaixamos", afirmou.

    A presidente reclamou que o governo foi criticado quando baixou a Cide, e também quando o tributo foi retomado. "Quando a parte dura da crise começou, nós baixamos a Cide para poder ter um enfrentamento da crise. Agora nós achamos que é hora de voltar com a Cide."

    Dilma não detalhou quais medidas o governo vai oferecer aos caminhoneiros em rodada de negociações que está prevista para ocorrer nesta tarde, em Brasília.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Estradas bloqueadas por protestos de caminhoneiros
    Estradas bloqueadas por protestos de caminhoneiros

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