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    Líderes de caminhoneiros do Sul do país não fecham acordo com Dilma

    LUCAS REIS
    DE SÃO PAULO
    GABRIELA YAMADA
    DE RIBEIRÃO PRETO
    LUIZ CARLOS DA CRUZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CASCAVEL (PR)

    26/02/2015 14h20

    Líderes do movimento dos caminhoneiros que bloqueia as estradas do Sul do país desde a semana passada não dão aval ao acordo anunciado pelo governo federal na noite desta quarta-feira (25) e dizem que as promessas da equipe de Dilma Rousseff não resolvem os problemas da categoria. A paralisação, segundo a categoria, será mantida.

    A Folha ouviu seis líderes da categoria na manhã desta quinta (26) e todos discordam das medidas anunciadas. Nenhum deles participou da reunião em Brasília –e dois desses seis afirmam, inclusive, que "não houve acordo" com os caminhoneiros.

    Apesar do anúncio do governo, a paralisação nas estradas federais segue forte no Sul. Segundo o balanço da manhã desta quarta da Polícia Rodoviária Federal, o Sul concentra 49 (quase 70%) dos 71 pontos com interdições: 20 no RS, 18 no PR e 11 em SC, segundo a polícia. A região Sul é a que mais tem sofrido com os bloqueios, com falta de abastecimento de alimentos e até remédios.

    "Não houve acordo algum com o governo, o que houve foi algo vergonhoso. Anunciaram que foi feito acordo para espalhar na imprensa. Nós aqui continuamos parados. Não temos condições nem de pagar o IPVA, vamos permanecer parados pelo tempo que for preciso", disse Odi Antônio Zani, líder do movimento de paralisação em Palmeira das Missões (RS).

    Quatro deles citam que o maior problema do acordo está na não redução do preço do diesel e no "congelamento" dos financiamentos de caminhões.

    "Não concordamos com esse pacotão do governo. Não queremos carência, queremos moratória dos financiamentos", afirmou o secretário-geral do Sinditac (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) em Francisco Beltrão (PR), Idair Parizotto.

    Segundo Parizotto, a proposta apresentada pelo governo é praticamente a mesma de 2012, quando também houve uma greve da categoria. "Não concordamos com esse pacotão do governo. Não queremos carência, queremos moratória dos financiamentos", diz.

    O Sindicat informou que hoje e amanhã o comércio de seis cidades da região –Pérola d'Oeste, Capanema, Planalto, Santo Antônio do Sudoeste, Pranchita e Barracão– abrirão parcialmente e os comerciantes irão às rodovias para apoiar os caminhoneiros.

    Segundo a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, parte das prefeituras daquela região vai funcionar parcialmente.
    O prefeito de São João, Altair José Gasparetto (PSDB), que preside a Amsop, diz que a entidade entende e é favorável as manifestações dos caminhoneiros.

    'GOVERNO MENTIROSO'

    Já Ivar Luiz Schmidt, um dos representantes do Comando Nacional dos Transportes, foi mais radical e afirmou, em sua página de uma rede social, que o governo é "mentiroso, pois "não houve acordo nenhum".

    Segundo ele, quando o governo anunciou o acordo na noite de quarta, a reunião com os caminhoneiros ainda não havia acabado.

    "Nesse momento, esse governo mentiroso chamou a imprensa e disse que havia tido um acordo para dar tempo de sair no Jornal Nacional [da Rede Globo]", disse.

    Depois desse anúncio à imprensa, a reunião entre representantes do governo e de caminhoneiros continuou.

    Schmidt defendeu, ainda nas redes sociais, que o movimento se radicalize nesta quinta, bloqueando inclusive carros particulares nas estradas. A Folha tentou, mas não conseguiu falar com ele nesta manhã.

    No Paraná, segundo a PRF, os caminhoneiros pararam veículos de passeio em Ponta Grossa. Em outras cidades do Estado, o Sinditac diz que os caminhoneiros pararam os carros particulares apenas para conscientizá-los do problema.

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