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    Com crise na Petrobras, consórcio encerra obras de estaleiro na Bahia

    PATRÍCIA BRITTO
    DE SÃO PAULO

    26/02/2015 16h34

    Afetado pela crise envolvendo a Petrobras e com falta de liquidez, o consórcio construtor do estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe (BA), irá encerrar suas atividades a partir de sábado (28), por tempo indeterminado.

    O grupo, criado para construir sondas do pré-sal, é formado pelas empresas OAS, UTC Engenharia e Odebrecht, investigadas na Operação Lava Jato, além da japonesa Kawasaki.

    A Enseada Indústria Naval, que administra o empreendimento, afirmou por nota que "tão logo o cenário de falta de liquidez vivido pela indústria naval brasileira seja superado, a própria Enseada retomará as atividades de finalização dos 18% restantes da obra".

    "Apesar das dificuldades, a empresa acredita na indústria naval brasileira e está trabalhando em busca da superação do atual cenário", diz trecho da nota.

    Como a implantação do estaleiro no recôncavo baiano se encontra 82% concluída, o consórcio iniciou em 2014 a construção de seis navios-sonda para exploração do pré-sal, por encomenda da empresa Sete Brasil, criada para construir e alugar sondas do pré-sal.

    Contudo, a Sete, que tem entre seus acionistas a Petrobras, ficou ao menos três meses sem fazer os repasses para a construção dos navios-sonda, conforme a Folha noticiou em dezembro.

    De acordo com a Enseada, o cronograma prevê que a entrega dos navios ocorra de 2016 a 2020. A empresa não informou, contudo, se a suspensão das obras de implantação do estaleiro irá provocar alteração nesse cronograma.

    DEMISSÕES

    Desde novembro, o estaleiro Paraguaçu demitiu 2.031 trabalhadores, segundo a Enseada. Outros 2.428 foram dispensados, de acordo com a empresa, devido ao avanço das obras de instalação do empreendimento.

    No auge das obras, em setembro de 2014, cerca de 7.600 funcionários estavam contratados, segundo o diretor de articulação do sindicato dos trabalhadores da construção pesada da Bahia, Sinésio Bispo.

    O sindicalista afirmou que acompanha as demissões e que, até o momento, todos os trabalhadores estão recebendo corretamente os valores das rescisões.

    Também por falta de pagamento, o estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, rompeu neste mês contrato com a Sete Brasil para fornecimento de outras sete sondas do pré-sal.

    INVESTIGAÇÕES

    Assim como o Paraguaçu, na Bahia, boa parte dos estaleiros que trabalham para a Sete Brasil pertence às construtoras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

    O estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, por exemplo, tem como sócios as empreiteiras Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, também investigadas no esquema.

    Nesta quarta-feira (25), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou em cerimônia em Feira de Santana, ao lado da presidente Dilma Rousseff, que os trabalhadores não podem "pagar o pato" pelas investigações sobre suspeitas de corrupção em obras de fornecedores da Petrobras.

    "[Essas apurações da Lava Jato] Não podem paralisar o Brasil, não podem prejudicar o povo trabalhador", disse o petista.

    "Defendemos apuração e transparência, inclusive de todas as suspeitas que existem no metrô de São Paulo, que se apurem os depósitos irregulares no HSBC, mas quem não pode pagar o pato disso são os trabalhadores que precisam trabalhar e sustentar sua família."

    Além dos problemas envolvendo suspeita de corrupção da alta cúpula da Petrobras, a estatal enfrentou ainda um acidente num navio-plataforma contratado pela empresa. Explosão na embarcação matou seis pessoas e deixou outras três desaparecidas.

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