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    Empresa parceira da Petrobras recorre a bancos para rolar dívidas

    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    27/02/2015 02h00

    A crise da Sete Brasil, maior parceira da Petrobras no pré-sal, bateu à porta dos bancos. Em dificuldades financeiras, a companhia precisou rolar R$ 12 bilhões em dívidas bancárias que venceram no começo deste ano.

    Criada para construir e depois alugar 28 sondas de perfuração de petróleo à Petrobras, a Sete esperava bancar as primeiras unidades com um financiamento de US$ 5 bilhões (R$14,3 bilhões) aprovado em 2014 pelo BNDES.

    Como o dinheiro até hoje não saiu, a empresa recorreu a empréstimos de curto prazo no mercado e agora não consegue pagá-los em dia.

    "Os bancos não têm interesse em executar esses empréstimos. Eles querem achar uma situação conosco", disse Luiz Eduardo Carneiro, presidente da Sete.

    Embora tenham aceitado rolar as dívidas, diante do aumento do risco de calote, os bancos reduziram os prazos de vencimento de até um ano para dois meses.

    Esse grupo de credores é formado por Itaú, Standard Chartered, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e FI-FGTS (fundo de investimento administrado pela Caixa) –os três últimos são sócios da Sete.

    Procurados, os bancos não quiseram se pronunciar oficialmente. Mas executivos de duas instituições disseram que o quadro da empresa é preocupante e que, empréstimos novos, nem pensar.

    Alexandre Gentil/Divulgação
    Casco de sonda da Sete Brasil chega em estaleiro no RJ
    Casco de sonda da Sete Brasil chega em estaleiro no RJ

    A Sete já deve mais de US$ 800 milhões a estaleiros. Na semana passada, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) comunicou que pretende desistir da construção de sete sondas por falta de pagamento.

    Um dos projetos mais ambiciosos do primeiro governo Dilma, orçado em US$ 25 bilhões (R$ 71,8 bilhões) a Sete Brasil foi criada pela Petrobras e atraiu sócios de peso, como Bradesco, BTG Pactual, Santander, além de grandes fundos de pensão de estatais.

    Esse grupo investiu mais de R$ 8 bilhões no empreendimento, mas seus representantes afirmam que sem os recursos do BNDES a empresa corre o risco de quebrar. Dilma tentou acelerar a operação como revelou a Folha, até agora sem sucesso.

    A liberação do financiamento vem sendo retardada por uma sequência de problemas, como o desejo da Petrobras de rever algumas condições do negócio e desavenças com sócios minoritários.

    O maior obstáculo, porém, é a operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

    Boa parte dos estaleiros que trabalham para a Sete pertence a construtoras envolvidas no escândalo.

    "A Sete e seus acionistas não têm culpa da Lava Jato. Só que, cada vez que surge algo novo, o BNDES sobe mais o sarrafo", afirma Carneiro.

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