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    Promessa do governo para diesel será discutida em conselho da Petrobras

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    27/02/2015 10h02

    A decisão do governo de anunciar aos caminhoneiros congelamento no preço do diesel por seis meses será um dos temas levantados na reunião do conselho de administração da Petrobras, prevista para esta sexta-feira (27), por videoconferência entre São Paulo, Rio e Brasília.

    A Folha apurou que, embora não esteja na pauta oficial do encontro, o assunto será questionado por pelo menos um dos três conselheiros independentes, que pediu para não ser identificado. O conselheiro mostrou-se irritado com a decisão. "Certamente vamos repercutir isso na reunião", disse.

    Na quarta-feira, o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou ter recebido da Petrobras a informação de que o combustível não sofrerá aumento nos próximos seis meses, "a partir dos seus referenciais de indicadores".

    A ingerência do governo nos preços dos combustíveis é tema que acirra os ânimos dos conselheiros de administração independentes –Mauro Cunha, representante dos donos de ações ordinárias; José Monforte, dos donos de preferenciais; e Sílvio Sinedino, dos funcionários. Outros sete conselheiros representam o governo.

    Desde novembro, o preço dos combustíveis no Brasil tem ficado acima da cotação internacional. Isso porque o preço do petróleo vem caindo desde julho de 2014, quando saiu de um patamar de US$ 110, atingindo US$ 45 em janeiro. Nesta quinta-feira, fechou a US$ 62.

    Quando os preços internos estão abaixo dos internacionais, a Petrobras tem perdas, que entre 2011 e 2014, são estimadas em R$ 60 bilhões. Em situação contrária, como atualmente, a Petrobras tem ganho adicional. A empresa tem aproveitado para recompor parte da perda anterior.

    Tal conjuntura tem se mostrado vital no cenário de dificuldade financeira. A Petrobras afirma que tem autonomia para definir política de preços e que não se pauta pela volatilidade do mercado externo. Na prática, porém, os reajustes, quando ocorrem, são decididos pelo governo, controlador da empresa, que se valeu do expediente para evitar alta da inflação.

    NA PAUTA

    A reunião terá como temas principais a renovação do contrato da auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) por mais dois anos e o andamento do trabalho para depuração dos valores dos ativos atribuídos à corrupção.
    A empresa de auditoria pediu um valor anual 147% acima do que a estatal vinha lhe pagando entre 2012 e 2015. A empresa cobrava R$ 19 milhões por ano e, agora, pede R$ 47 milhões.

    A PwC tem se recusado a assinar o balanço até que a Petrobras consiga chegar a um número crível para que se dê baixa, nos ativos, dos valores pagos como propina e lançados indevidamente como investimento. O número encontrado por duas consultorias em janeiro, R$ 88,6 bilhões, foi descartado pelos conselheiros –e sua divulgação irritou o governo.

    Conselheiros independentes têm criticado a renovação sem licitação. A atual diretoria defende que, no cenário atual, será difícil contratar outra auditoria.

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