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    Manifestante morre atropelado por caminhão que fura bloqueio no RS

    PAULO PEIXOTO
    DE BELO HORIZONTE
    CAMILA BIANCHI
    DE SÃO PAULO

    28/02/2015 12h02

    Um caminhoneiro que tentou parar um veículo na BR-392, em São Sepé, na região de Santa Maria –centro-sul do RS–, foi atropelado e morto na manhã deste sábado (28), segundo a Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Federal do Estado.

    De acordo com a Brigada –a PM no RS–, a vítima, Cléber Adriano Machado Ouriques, foi atingida por um caminhão que furou duas vezes o bloqueio que os caminhoneiros faziam a pé e com carros particulares na estrada. Após o atropelamento, o motorista do veículo fugiu do local.

    Os protestos de caminhoneiros nas estradas continuam neste sábado e seguem concentrados na região Sul do país, apesar da multa imposta pelo governo federal de até R$ 10 mil por hora de paralisação nas rodovias.

    Michelle Teixeira/Agência RBS/Folhapress
    Caminhoneiros na BR-392, entre São Sepé e Caçapava do Sul (RS), onde um manifestante foi morto
    Caminhoneiros na BR-392, entre São Sepé e Caçapava do Sul (RS), onde um manifestante foi morto

    Para evitar essa multa, há relatos de que os caminhoneiros estão interditando as estradas sem o uso de caminhões em pelo menos duas cidades –a gaúcha São Sepé e Santa Terezinha de Itaipu (PR).

    PERSEGUIÇÃO

    Em São Sepé, o caminhão que causou o atropelamento estava em alta velocidade e furou o bloqueio duas vezes.

    Após a primeira, segundo relatos da Brigada Militar, o caminhão foi perseguido por um carro com Ouriques.

    Cerca de 8 km depois, o veículo da vítima ultrapassou o caminhão, tomou uma distância e o grupo fez nova barreira no meio da pista.

    Nesse momento, ainda segundo a Brigada, o caminhão furou o bloqueio pela segunda vez e atingiu Ouriques, que foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

    De acordo com a Brigada, os caminhoneiros têm adotado a estratégia de deixar os caminhões em postos de gasolina para evitar a multa imposta pelo governo.

    Em São Sepé, eles fizeram um acampamento próximo ao local do atropelamento. Ouriques é filho de outro caminhoneiro e os dois são, ainda segundo a PM gaúcha, muito conhecidos na cidade.

    REIVINDICAÇÕES

    Os caminhoneiros iniciaram os protestos nas estradas no último dia 18 e chegaram a realizar mais de cem bloqueios em 14 Estados –incluindo São Paulo.

    Na manhã deste sábado, só nas estradas federais são 38 interdições em cinco Estados (RS, PR, SC, MT e MS), segundo o boletim da Polícia Rodoviária Federal das 7h.

    Na comparação com o último boletim de sexta –o das 19h–, quando eram 57 bloqueios também em cinco Estados, houve queda, mas o movimento já previa um afrouxamento dos protestos no final de semana. A categoria pretende retomar as interdições na segunda (2).

    Os caminhoneiros pedem redução no preço do diesel e do pedágio, tabelamento dos fretes e a sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.

    Na última quarta (25), o governo chegou a anunciar um acordo com a categoria, prevendo por exemplo a manutenção do preço do diesel por seis meses. Parte dos motoristas não reconhece o acordo.

    Principalmente no Sul, o movimento segue forte, mas há líderes da categoria que prevê o afrouxamento nos protestos, como Afrânio Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logísticas no Rio Grande do Sul.

    "As empresas não têm mais onde colocar a carga, seus depósitos ficaram lotados. Os caminhoneiros vão trabalhar direto durante o fim de semana para liberar esse fluxo."

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