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    Maioria dos moradores de favelas pretende abrir um negócio em três anos

    MARIANA BARBOSA
    DE SÃO PAULO

    03/03/2015 09h09

    Possibilidade de ganhos maiores e maior flexibilidade de horários tem levado moradores das favelas brasileiras a montar o próprio negócio. De cada 10 moradores das favelas do país, 4 têm vontade de empreender e 55% pretendem abrir um negócio próprio nos próximos três anos.

    Os dados constam de uma nova pesquisa feita pelo instituto Data Favela para o Sebrae e que será apresentada nesta terça-feira (3) em São Paulo, durante o 2º Fórum Nova Favela Brasileira.
    O Data Favela é uma parceria do Data Popular com a CUFA (Central Única das Favelas).

    O volume de pessoas com intenção de empreender nas favelas é quase o dobro do que na população em geral (23%).

    Para o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, a pesquisa mostra que o perfil do empreendedor da favela mudou. Se antes a maioria empreendia por necessidade, hoje apenas um terço do que pensam em empreender têm essa motivação. Dois terços querem abrir o próprio negócio por oportunidade."Hoje empreender é a chance de o trabalhador da favela conseguir ganhar mais dinheiro. Ele sabe que tem um teto de crescimento com carteira assinada, devido à baixa escolaridade", diz Meirelles.

    Ainda segundo o Data Favela, o número de moradores em idade economicamente ativa nas favelas com carteira assinada aumentou de 47% em 2013 para 53% este ano. "A maior parte daqueles que querem empreender tem carteira assinada."

    Quando se analisa as motivações das mulheres com intenção de empreender, uma outra motivação entra na equação: a possibilidade de ter horários flexíveis para conciliar as demandas do trabalho com as da família.
    A grande maioria dos moradores de favela com intenção de empreender planeja montar um negócio dentro da favela (63%). O negócio de maior interesse é abrir uma loja de roupa (opção de 20%), seguida de salões de beleza (13%).

    "Se é verdade que o emprego formal fez a favela chegar onde chegou, é o empreendedorismo que vai levar a favela adiante", diz Meirelles.

    Segundo o Data Favela, 12,3 milhões de pessoas vivem em favelas em todo o país, movimentando uma economia de R$ 68,6 bilhões.

    PERFIL
    A pesquisa também revela que a maioria daqueles que pretendem empreender (56%) pertence à da classe C, 38% são da classe baixa e 7% da classe alta.
    A maioria (51%) dos futuros empreendedores tem mais de 25 anos e é casada, sendo que 49% são homens e 51%, mulheres. A maioria (73%) é negra ou parda.

    PESQUISA
    O instituto Data Favela entrevistou 2 mil moradores de favelas em fevereiro. Foram entrevistados moradores de 63 favelas, localizadas em nove regiões metropolitanas e mais o Distrito Federal (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília).

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