• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 10:37:20 -03

    Apenas 10% das mercadorias contrabandeadas são apreendidas

    GILMARA SANTOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    03/03/2015 10h43

    Estudo realizado pelo Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), antecipado para a Folha e que está sendo apresentado na manhã desta terça-feira (3), revela que apenas entre 5% e 10% das mercadorias de contrabando que entram no País são apreendidas.

    O contrabando traz perdas de até R$ 100 bilhões ao ano ao país.

    "Na cabeça do contrabandista, ele pode perder até 10% da carga com apreensões e já coloca esse risco no valor da mercadoria", explica o economista e presidente do Idesf, Luciano Barros. "Se ele não tem a carga apreendida, a lucratividade aumenta", complementa.

    A lucratividade é alta, conforme revela o levantamento. No caso do cigarro, por exemplo, o preço médio praticado no Paraguai é de R$ 0,70 e o mesmo é vendido em São Paulo por R$ 2,40, em média.

    Considerando que os custos relacionados à logística, pessoal, propina, armazenamento e distribuição cheguem a cerca de 23%, o lucro mínimo com o produto chega perto de 180%.

    RISCO

    O risco de ficar com a mercadoria parada ou mesmo ir preso e precisar contratar um advogado também entra nos cálculos dos contrabandistas. "Esse custo corresponde a 9% do valor da carga e se referem ao que podem ocorrer depois de passado o território de fronteira, área mais suscetível à apreensão", explica Barros ao lembrar que caso a mercadoria chegue ao destino final, esse custo também vira rentabilidade.

    O ESTUDO

    O estudo do IDESF, divulgado com exclusividade pela Folha começou a ser realizado em agosto do ano passado com pesquisas em Ciudad Del Este, no Paraguai, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e em São Paulo.

    O levantamento contempla entrevistas com contrabandistas, fiscais, policiais, comerciantes e trabalhadores.

    A fronteira de Foz do Iguaçu é a mais movimentada do País, com cerca de 30 mil carros passando diariamente pela Ponte Internacional da Amizade.

    Por sua vez, a região central de São Paulo concentra o maior polo de vendas de produtos contrabandeados e ilegais do Brasil.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024