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    Dólar comercial fecha a R$ 2,928 e renova maior valor em 10 anos

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    03/03/2015 17h37

    O dólar comercial, usado nas transações com o exterior, fechou cotado a R$ 2,928, o maior valor do ano, em um dia de preocupação com o futuro das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

    A visão corrente dos investidores é que o Banco Central deverá reduzir o volume de intervenções para conter a alta do dólar, deixando a moeda americana se apreciar um pouco mais nas próximas semanas. Até então, o mercado acreditava que o BC não deixaria a moeda subir tanto devido a seus efeitos na inflação.

    Ao fim do pregão, o dólar comercial subiu 1,13%, e encerrou cotado a R$ 2,928, maior valor desde 2 de setembro de 2004, quando a moeda encerrou cotada a R$ 2,94. No entanto, atualizando os valores pelo IPCA (índice oficial de inflação) de janeiro, último dado disponível, o dólar daquela época seria hoje muito maior: R$ 5,13, segundo a consultoria Economatica.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,43%, a R$ 2,904, no maior valor desde 14 de setembro de 2004, quando fechou a R$ 2,913 (R$ 5,09 hoje, em valores corrigidos).

    Desde 30 de janeiro, quando o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que não manteria "artificialmente" a taxa de câmbio, o dólar já subiu 11%. No ano, a alta é de 9,67%.

    O principal intrumento do BC para conter a alta do dólar é a venda de contratos que equivalem à compra de dólar no futuro, conhecido como swap cambial tradiconal. Nessa operação, o BC se compromete a pagar em reais a variação do dólar em uma determinada dada, geralmente o início do mês. Isso retira a pressão de alta do dólar nos mercados à vista e futuro. Se o BC reduzir a oferta desses contratos, automaticamente, deixa de segurar as cotações.

    Na sexta, o BC anunciou um leilão desses instrumentos menor do que o habitual, sinalizando que só deve rolar em torno de 80% do total de US$ 9,964 bilhões de contratos existentes no mercado.

    "É uma primeira sinalização de que o BC está testando o apetite do mercado em relação à política de rolagem. Dá sinais de que está começando a testar qual seria a reação da taxa de câmbio e do mercado com uma retirada de parte do programa, que ajuda a manter um controle do preço da moeda", afirma Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da Western Union.

    Além das dúvidas em torno do programa de intervenção do BC, a possibilidade de o governo não conseguir aprovar no Congresso os ajustes fiscais que precisa fazer para resgatar a credibilidade do país preocupa os investidores.

    Em um esforço para sinalizar maior disposição de articulação com o Congresso, a presidente Dilma Rousseff deve receber os líderes da base aliada na Câmara até quinta-feira (5) em uma reunião para discutir a relação e avaliar os cenários econômico e político.

    O Planalto chamou os líderes numa mobilização para votar ainda nesta terça-feira (3) o Orçamento de 2015, que está pendente, e também para garantir a manutenção de vetos a projetos incômodos, com impacto nas contas públicas.

    BOLSA

    O principal índice do mercado acionário brasileiro voltou a subir nesta sessão, após cair 1% no dia anterior. O Ibovespa fechou com alta de 0,56%, a 51.304 pontos. Das 68 ações negociadas, 40 subiram, 26 caíram e duas fecharam estáveis.

    O volume financeiro no pregão foi de R$ 5,37 bilhões, abaixo do giro médio diário do ano, que é de R$ 6,67 bilhões, até o dia 2.

    O destaque do pregão ficou com os papéis da Petrobras, que fecharam com alta superior a 2%. As ações preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, subiram 2,13%, a R$ 9,60. Os papéis ordinários, com direito a voto, fecharam em alta de 2,48%, a R$ 9,51.

    A empresa anunciou na segunda-feira que pretende obter US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) com a venda de ativos no Brasil e no exterior.

    A cifra representa um aumento de 25% em relação ao teto da meta originalmente traçada -de US$ 11 bilhões (R$ 32 bilhões), valor estabelecido em fevereiro do ano passado no Plano de Negócios e Gestão para os anos de 2014 a 2018. O piso, na época, foi fixado em US$ 5 bilhões (R$ 14,5 bilhões).

    Segundo a Petrobras, 30% dos recursos devem vir da venda de projetos de exploração e produção, como a venda de parcial ou integral de campos de petróleo e gás. A expectativa é que outros 30% terão origem na área de abastecimento, que inclui refinarias, dutos, terminais e a rede de distribuição de postos de combustíveis. A maior fatia, prevê a estatal, deve ser obtida em empreendimentos de gás e energia, como termelétricas, gasodutos e unidades de produção de fertilizantes.

    Nesta terça-feira, a agência de classificação de risco Moody's alertou para o risco de os bancos brasileiros sofrerem um efeito cascata por exposição à Petrobras.

    Apesar disso, os papéis de bancos fecharam em alta no dia. As ações do Itaú subiram 0,77%, a R$ 36,60. Os papéis do Bradesco tiveram alta de 0,16%, a R$ 37,15. As ações do Banco do Brasil fecharam com queda de 0,17%, a R$ 23,63.

    As ações da Oi lideraram as altas do Ibovespa nesta sessão, após subirem 6,53%, a R$ 6,36. No sentido contrário, as ações da Natura lideraram as baixas do dia, depois de caírem 4,18%, a R$ 26,16.

    Folhainvest

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