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    Dólar bate R$ 2,99 e Bolsa cai 1% com derrota do governo no ajuste fiscal

    DE SÃO PAULO

    04/03/2015 10h36

    O dólar opera com forte alta e a Bolsa tem queda nesta quarta-feira (4) após o Congresso devolver medida provisória proposta pelo governo que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores. A derrota causa incerteza política e levanta dúvidas sobre se será possível aprovar os ajustes fiscais necessários para evitar um rebaixamento da nota de crédito do país.

    Às 11h46, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 2,99%, a R$ 2,991, maior patamar desde 17 de agosto de 2004. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha alta de 2,18%, a R$ 2,992, no mesmo horário, maior nível desde 17 de agosto de 2004.

    A derrota do governo no Congresso repercute no mercado nesta sessão. Incluído na lista de políticos que os procuradores da Operação Lava Jato querem investigar, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu atacando o governo e barrando uma das principais medidas do ajuste fiscal proposto pela presidente Dilma Rousseff.

    A retaliação amplia as dificuldades que a presidente tem encontrado para obter apoio no Congresso para as medidas de ajuste, que a sua equipe econômica considera essenciais para equilibrar as finanças do governo e recuperar a capacidade do país de crescer.

    Renan estaria na lista de 54 pessoas suspeitas de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato. O presidente do Senado reagiu à tarde, determinando a devolução de uma medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo ao Congresso no fim da semana passada.

    O governo reagiu enviando ao Congresso um projeto de lei com o mesmo teor da MP. A decisão, porém, não evitará um atraso na entrada em vigor das regras definidas pela equipe econômica. Para que as novas alíquotas da desoneração da folha de pagamento entrem em vigor, é preciso esperar um prazo de 90 dias a partir da aprovação da lei pelo Congresso. No caso de uma MP, esse prazo começa a contar a partir da publicação da medida provisória

    Além da incerteza sobre a aprovação dos ajustes fiscais propostos pelo governo, os dados econômicos também colaboram para o pessimismo no mercado financeiro nesta sessão. Na comparação com janeiro de 2014, a produção industrial brasileira caiu 5,2%, após uma retração de 2,9% nesse indicador em dezembro.

    Com isso, o setor acumula uma perda de 3,5% em 12 meses encerrados em janeiro -resultado que superou o centro das projeções da Bloomberg (2,7%). Os números foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira. Quando comparado com dezembro, no entanto, a indústria esboçou uma reação e cresceu 2% em janeiro. No último mês do ano passado, a retração havia sido de 3,2%.

    Revisado para baixo, o dado apontava, originalmente, uma queda de 2,8%. Com a mudança do dado de dezembro, o resultado de 2014 também foi revisado e ficou um pouco mais negativo. A queda foi revista de 3,2% para 3,3%

    Nesta manhã, o BC deu continuidade às suas intervenções diárias e vendeu a oferta total de até 2.000 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,7 milhões.

    O BC também vendeu a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 11% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

    BOLSA

    Às 11h38, o Ibovespa, principal termômetro do mercado acionário brasileiro, caía 1,37%, a 50.598 pontos. Das 68 ações negociadas, 55 caíam, 12 subiam e uma se mantinha inalterada no horário.

    A queda é reflexo do aumento da aversão a risco dos investidores após a notícia da derrota do governo no Congresso. A avaliação é que a presidente Dilma Rousseff (PT) não tem base política para implementar os ajustes fiscais necessários para evitar um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco.

    "Adicione a tudo isso a 'lista Janot' e temos o pior dos mundos para que as medidas fiscais sejam aprovadas com a celeridade que o momento pede", avalia Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, em relatório.

    Segundo ele, o investidor deve priorizar a estratégia defensiva em sua escolha de portfólio neste momento de risco de rebaixamento. "Empresas com resiliência de receitas, pouco alavancadas e com sólida politica de distribuição de proventos devem ter maior peso nas carteiras de ações no momento", ressalta.

    Na Bolsa, as ações da Petrobras caem 2% nesta sessão. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, tinham queda de 2,50%, a R$ 9,36, às 11h39. No mesmo horário, os papéis ordinários, com direito a voto, caíam 2,52%, a R$ 9,27.

    Destaque também para os papéis da Gerdau, que sobem no pregão. Às 11h39, as ações tinham alta de 4,60%, a R$ 10,44. A empresa divulgou nesta quarta lucro líquido de R$ 393 milhões para o quarto trimestre, em um resultado melhor que o esperado pelo mercado. Analistas esperavam, em média, lucro líquido de R$ 210 milhões para a Gerdau no período.

    Folhainvest

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