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    Valorização do real acirra 'turismo de supermercado' de uruguaios no RS

    FELIPE BÄCHTOLD
    ENVIADO ESPECIAL AO CHUÍ (RS)

    05/03/2015 12h16

    A desvalorização do real vem animando "turistas de supermercado" na fronteira do Brasil com o Uruguai.

    O município gaúcho do Chuí, apesar da população de apenas 6.300 habitantes, possui uma série de supermercados que se especializaram em vender produtos brasileiros para os uruguaios.

    Como a indústria do país vizinho é reduzida, alimentos feitos no Brasil e artigos de higiene são vendidos a preços muito mais convidativos no lado brasileiro. Com a alta do dólar, a compra passou a valer ainda mais a pena. A moeda americana subiu 6,3% no mês de fevereiro.

    Felipe Bächtold/Folhapress
    Rua no Chuí (RS) com supermercados brasileiros especializados em vender para clientes do Uruguai
    Rua no Chuí (RS) com supermercados brasileiros especializados em vender para clientes do Uruguai

    O Chuí é vizinho a uma cidade uruguaia com o mesmo nome. Uma avenida marca o limite entre os dois países no extremo sul gaúcho.

    De um lado da via, ficam as lojas brasileiras, incluindo os supermercados e o comércio de vestuário. Na outra calçada, no lado uruguaio da avenida, estão os freeshops, com eletrônicos e bebidas importadas que costumavam atrair brasileiros.

    Hoje, o movimento na fronteira é quase todo de uruguaios, que viajam de longe para fazer compras no lado brasileiro.

    Os preços são informados em pesos uruguaios nos supermercados brasileiros.

    Proprietário de um deles, Mohamad Kassem Jomaa, 54, diz que a recente alta do dólar vem aumentando seu faturamento em até 15%.

    Ele montou uma vitrine com caixas de creme dental, que, afirma, custam até cinco vezes mais no Uruguai. Achocolatados, enlatados e massas estão entre os itens preferidos dos uruguaios.

    "Para nós, a alta do dólar é excelente. O verão foi ótimo: fizemos propaganda de que está realmente barato e mais gente decidiu vir comprar. Vêm de toda parte do Uruguai", afirma.

    O empresário conta que firmou um acordo com uma associação de funcionários públicos do Departamento de Rocha (equivalente a Estado no Brasil), cidade a 100 km da fronteira. Com um cartão especial, eles têm crédito de R$ 500 no estabelecimento.

    O turista uruguaio Fabrício Esteves, 35, afirma que anteriormente apenas alguns itens compensavam ser comprados no lado brasileiro. Com a desvalorização do real, diz, "está tudo muito barato". Ele passa o verão em um balneário do país vizinho e aproveitou para ir aos mercados do Brasil.

    "Açúcar, erva-mate e café são muito mais em conta. Para quem vive a 100 km ou 200 km daqui, vale a pena. A maioria que conheço vai ao lado brasileiro para comprar."

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