O grupo OAS tentará pela segunda vez vender sua fatia na Invepar, concessionária do Aeroporto de Guarulhos e sua maior aposta para aliviar a crise financeira em que afundou ao ser envolvida na Operação Lava Jato.
Na primeira tentativa, a OAS recebeu pelo menos cinco propostas, a maioria abaixo de R$ 1,5 bilhão, segundo a Folha apurou. As ofertas ficaram muito distantes dos R$ 2,5 bilhões a R$ 2,8 bilhões que a companhia quer.
Entre os candidatos que participaram da primeira rodada estão o fundo de pensão canadense CPBI, a francesa Vinci e os fundos de investimento Advent e GP.
Profissionais que participam do processo afirmam que a empresa recusou todas as propostas abaixo de R$ 2 bilhões e está promovendo uma segunda rodada de conversas com quem ficou acima desse patamar.
As propostas foram baixas porque os interessados sabem que a OAS está com a corda no pescoço. A empreiteira deve R$ 7,9 bilhões, não recebe em dia pelas obras que faz para o governo e para a Petrobras e está sem crédito no mercado.
Paulo Whitaker - 20.mai.2014/Reuters | ||
Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, concessão da Invepar |
Para piorar, mesmo quem já fez proposta tem dúvidas sobre a conveniência de fechar o negócio agora. Até preferem que a empresa do baiano Cesar Mata Pires entre em recuperação judicial.
Se a venda for aprovada pelo juiz dentro desse tipo de processo, fica protegida pela legislação em vigor.
Hoje, qualquer credor pode pedir a falência da OAS e embargar a operação.
A empreiteira tem 25% da Invepar, O restante está dividido em partes iguais entre os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa) e Petros (Petrobras).
PREVI NA DEFENSIVA
Nas últimas semanas, a Previ consultou bancos de investimento para assessorá-la no processo. Por contrato, antes de fazer qualquer negócio a OAS precisa oferecer sua participação em condições iguais aos demais sócios, que têm preferência na compra.
A Previ não tem interesse em aumentar sua participação na Invepar. Sua preocupação é defensiva. Caso a fatia da OAS ameace cair nas mãos de um candidato que contraria seus interesses, o fundo quer estar preparado para exercer seu direito de preferência. Procurada, a Previ não quis se manifestar.
Antes de iniciar a venda de sua fatia na Invepar, a OAS tentou repassar o negócio para os bancos credores.
A ideia seria entregar sua participação em troca do abatimento da dívida, mais algum dinheiro.
Segundo a Folha apurou, a empreiteira negociou com o Bradesco, mas as conversas não prosperam. A OAS deve R$ 900 milhões ao banco. O Bradesco não quis comentar.
Se não conseguir fechar a venda da Invepar, a empreiteira vai oferecer sua participação na empresa como garantia de um empréstimo de cerca de R$ 500 milhões que tenta levantar no mercado.