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    Análise: Mercado mexicano perdeu o interesse pelo carro brasileiro

    EDUARDO SODRÉ
    EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"

    10/03/2015 02h00

    Há dez anos, o dólar favorável às exportações e o acordo de livre-comércio fizeram o Brasil enviar milhares de automóveis ao mercado mexicano. Porém, esse passado glorioso deixou uma armadilha.

    O Volkswagen Gol chegou a ser o modelo mais vendido naquele país, e o Chevrolet Celta –que era comercializado como Suzuki Fun– também ficou entre os campeões de emplacamentos. Eram carros simplórios para um mercado acostumado ao padrão norte-americano. Iam bem devido ao preço atraente.

    Cerca de 900 mil carros de passeio novos foram vendidos no México em 2014. Outro 1,2 milhão de usados veio dos EUA. Em ambos os casos, tais produtos foram produzidos para atender a mercados exigentes, em que os compactos brasileiros não seriam bem-aceitos.

    DESINTERESSE

    Com o passar dos anos, os populares nacionais tornaram-se desinteressantes e começaram a ter problemas de aceitação no México. Esse movimento foi complementado pela valorização do real nos anos seguintes, quando a balança pendeu para o lado da importação.

    O Brasil passou a trazer cada vez mais carros de valor elevado (Ford Fusion, Honda CR-V e Dodge Journey, por exemplo), enquanto as exportações minguavam.

    Hoje, apesar da valorização do dólar, o Brasil não tem produtos que sejam interessantes aos mexicanos. Além disso, novos acordos comerciais firmados por aquele país garantiram a chegada de autos modernos a preços competitivos para complementar a linha de carros novos.

    Hoje, nove dos dez veículos novos mais vendidos no mercado mexicano são produzidos lá mesmo. A exceção é o compacto sul-coreano Chevrolet Spark.

    Para aquele país, nosso mercado é vultoso, porém muito distante da relevância dos EUA. O vizinho da fronteira é o maior comprador dos carros mexicanos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    PERPETUAÇÃO

    A tendência é que o deficit da balança comercial se perpetue, sendo atenuada apenas pela nacionalização de modelos antes produzidos no México, como os Nissan Versa e March (agora feitos na cidade fluminense de Resende) e os Volkswagen Jetta e Golf.

    Se há alguma possibilidade de o país desenvolver um programa robusto de exportações, os mexicanos servem mais de exemplo do que de parceiro.

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