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    Desemprego inverte tendência e sobe no trimestre no país; taxa fica em 6,8%

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    12/03/2015 09h15 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    A taxa média de desemprego do país no trimestre fechado em janeiro fechou em 6,8% –superior ao patamar de 6,5% do trimestre encerrado em dezembro. Os dados são da Pnad Contínua, pesquisa sobre mercado de trabalho em âmbito nacional, e foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (12).

    Desde o período de maio a junho, a tendência era ou de estabilidade ou recuo da taxa de desemprego, interrompida agora. O resultado é também maior do que a taxa de 6,4% do período terminado em janeiro de 2014.

    A partir de agora, o instituto passa a apresentar mensalmente informações da pesquisa, que eram divulgadas trimestralmente.

    Pnad contínua

    Segundo Cimar Azeredo Pereira, coordenador de Emprego e Rendimento do IBGE, a opção por divulgar dados trimestrais móveis (ou seja, encerrado a cada mês um período de três meses, acrescido dos dois meses anteriores), "suaviza a série" da pesquisa e atenua variações de um mês para o outro.

    De todo modo, a trajetória do período fechado em janeiro "difere", segundo o IBGE, da dos trimestres móveis anteriores, que apontavam redução contínua da taxa de desemprego.

    Como a base de coleta dos cerca de 210 mil domicílios é trimestral, a taxa de janeiro, na verdade, corresponde a uma média do trimestre encerrado em janeiro -no mês, apenas um terço da coleta foi realizada (cerca de 70 mil lares), por isso, não seria possível divulgar uma taxa mensal exclusiva para o primeiro mês do ano.

    CRIAÇÃO DE VAGAS É INSUFICIENTE

    No trimestre encerrado em janeiro, o número de empregados somou 92,7 milhões, permanecendo praticamente estável em relação ao período de três meses findo em outubro (92,6 milhões). A variação de 0,1% foi considerada, do ponto de vista estatístico, sem relevância, segundo o IBGE.

    Já o contingente de desempregados subiu de 6,6 milhões no trimestre até outubro para 6,8 milhões no período fechado em janeiro, o que corresponde a um acréscimo de 200 mil pessoas sem trabalho –ou uma alta de 1,2%.

    Para Azeredo, a criação de postos de trabalho foi insuficiente para fazer frente ao aumento da procura por uma ocupação.

    Um sinal desse movimento é que a força de trabalho (composta por quem está em busca de trabalho e pelos empregados) cresceu 1,8% na comparação com o trimestre encerrado em janeiro de 2014.

    Ingressaram, portanto, 1,6 milhão de pessoas no mercado de trabalho, mas nem todas conseguiram se empregar.

    Nesse intervalo, o número de pessoas ocupadas subiu menos (1,2%), com a criação de 1,1 milhão de vagas –a diferença entre os dois números ilustra que as vagas criadas não cobriram a maior procura.

    Pela primeira vez na nova pesquisa, o IBGE apurou o rendimento do trabalho, estimado em janeiro em R$ 1.795,93, com alta de 1% em relação ao trimestre fechado em outubro.

    Em relação ao período findo em janeiro de 2014, a expansão foi de 2,1%. O aumento do rendimento, diz Azeredo, pode estar ligado à dispensa em janeiro de trabalhadores temporários, cujos salários são mais baixos.

    A Pnad Contínua é mais abrangente pesquisa de emprego do IBGE. Enquanto a PME (Pequisa Mensal de Emprego) investiga as seis principais regiões metropolitanas, a amostra da Pnad Contínua coleta dados em todo o país.

    SUBSTITUIÇÃO

    A Pnad irá substituir a atual PME, que só deve ir a campo até dezembro. O levantamento está, porém, ainda incompleto do ponto de visto de indicadores a serem divulgados: somente ao longo deste primeiro semestre é que serão apresentadas informações por setores e sobre formalização.

    Os dados mostram que a taxa de desemprego em nível nacional se situa sempre acima daquela das metrópoles, cuja economia é mais dinâmica e mais baseada no setor de serviços –que sustentou o emprego e o PIB nos últimos anos. Pela PME, a taxa de desemprego ficou em 4,8% na média de 2014.

    Em janeiro, a taxa ficou em 5,3%, acima dos 4,3% de dezembro e superior 4,8% de janeiro de 2013.
    Foi num primeiro sinal da deterioração do mercado de trabalho esperada para 2015 com a queda prevista do PIB, freada do consumo, desaceleração do rendimento, menor oferta de crédito, juros mais elevados e especialmente inflação em um nível maior –o que corrói o poder de compra das famílias. Os dados da Pnad Contínua confirmam essa tendência.

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