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    Conflito entre sócios faz ações perderem mais da metade do valor

    JULIO WIZIACK
    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    16/03/2015 02h00

    Conflitos nas empresas podem ser mais devastadores para o preço das ações do que escândalos de corrupção como o da Petrobras, que levou à perda de quase 40% nos papéis da petroleira, após a prisão, em novembro, de diversos executivos de empreiteiras em decorrência da Operação Lava Jato.

    A atual disputa dos sócios pelo controle da Usiminas e o impasse da união entre TIM e Oi causaram danos maiores aos papéis das empresas, com perdas que chegam a 66% e foram muito mais expressivas do que as do Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira).

    Sem mecanismos de proteção suficientes, os acionistas minoritários são os que mais sentem esses efeitos no bolso. Diante das incertezas, eles ficam divididos entre suportar a turbulência ou vender os papéis em que investiram para evitar perdas maiores.

    editoria de arte/folhapress

    Em agosto de 2014, quando a Oi disse que compraria a TIM, as ações com voto foram de R$ 13,7 para R$ 18 em menos de um mês. Mas a companhia teve de arcar com uma dívida surpresa de € 897 milhões que atrapalhou os planos. Nesse processo, as ações da Oi caíram 48%. Hoje a companhia vale R$ 5,5 bilhões, menos que em junho de 2013, quando se fundiu com a Portugal Telecom (PT).

    Boa parte dessa perda se explica pelo endividamento da Oi, que seria reduzido com a venda da PT. O dinheiro permitiria a consolidação com a TIM, que seria fatiada e repartida entre Oi, Vivo e Claro.

    Mas, dependendo de negócios em andamento para levar seu plano adiante, a Oi acabou virando alvo.

    A Telecom Italia, dona da TIM, passou a avaliar a compra da Oi e também abriu espaço para outras aquisições no país, revertendo, em parte, as perdas anteriores.

    Na empresa de logística ALL, os papéis caíram 54% desde fevereiro de 2013. A companhia acertou, em fevereiro de 2014, a fusão com a Rumo Logística após dois anos de desentendimentos.

    Na siderúrgica Usiminas, a situação foi pior. Os sócios trocam acusações de que um tenta tomar o controle do outro.

    De um lado, os argentinos da Ternium dizem que os japoneses da Nippon seguram investimentos na empresa, preferindo os benefícios do contrato de transferência de tecnologia entre Usiminas e Nippon. Do outro, os japoneses apontam supostas irregularidades no pagamento de salário e bônus de executivos.

    Diretores foram afastados e questionam a demissão na Justiça. A empresa viu seus papéis caírem 66% desde que a confusão se agravou, no início de 2014. Atualmente, a companhia siderúrgica está avaliada em R$ 9,3 bilhões.

    Colaborou THAIS FASCINA, de São Paulo

    Folhainvest

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