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    Fundo cambial se destaca, mas traz riscos ao investidor

    CARLOS DIAS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    16/03/2015 02h00

    A recente disparada do dólar e o remédio adotado pelo BC de subir os juros para segurar a inflação levaram muitos investidores a questionar se vale a pena tentar a sorte nos fundos cambiais (que acompanham a variação da moeda estrangeira).

    Especialistas dizem que há vantagens no investimento em dólar, mas alertam para o risco e só o recomendam para quem quer se proteger da oscilação da moeda americana (como importadores ou quem vai viajar para o exterior) ou para quem acompanha o mercado muito de perto.

    Quando aplica em dólar, o investidor abre mão dos juros brasileiros –até 2003, esses fundos rendiam os juros brasileiros em dólar, porque o Tesouro emitia títulos indexados à moeda americana.

    Editoria de arte/Folhapress

    Além disso, muitos fundos cambiais têm taxas de administração elevadas, que corroem parte dos ganhos. Diferentemente da moeda em espécie, o fundo tem Imposto de Renda, com alíquotas de 15% a 22,5% sobre o rendimento.

    Por outro lado, esses fundos renderam 26,05% nos últimos 12 meses após o desconto do Imposto de Renda, bem mais que fundos DI e de renda fixa (veja quadro ao lado).

    "É risco. Você pode ganhar ou perder. Das variáveis econômicas, o dólar é sempre a mais difícil de se prever", diz Carlos Eduardo Nóbrega, do Bradesco.

    Nóbrega ressalta que o fundo cambial é adequado para quem quer se proteger da oscilação do dólar. "É para quem tem viagem programada ou para um empresário que importa equipamentos ou insumo agrícola."

    Aquiles Mosca, do Santander, diz que o interesse por fundos cambiais cresce desde o segundo semestre de 2014. "Esses fundos têm uma demanda maior em momentos de depreciação cambial. O auge foi em 2002, ano da eleição de Lula, quando o dólar foi de R$ 1,54 para R$ 4."

    Segundo ele, hoje o perfil do cotista é bem diferente ao daquela época. Mosca afirma que 70% são pessoas físicas buscando proteção cambial e o restante são empresas buscando um hedge [proteção] para honrar compromissos em moeda estrangeira.

    Marcelo Pacheco, do Banco do Brasil, afirma que o brasileiro prefere fazer investimentos em reais devido aos juros altos. "Mas temos visto a procura pelos fundos cambiais aumentando."

    Segundo ele, o fundo cambial também pode ser procurado por quem quer ganhar dinheiro. "Mas isso só recomendamos para aqueles que acompanham o mercado muito de perto. Para o público em geral, indicamos como uma proteção para quem vai viajar ou tem algum compromisso ligado à moeda."

    VANTAGENS

    Para Pacheco, há uma série de vantagens nos fundos cambiais, quando comparados à compra de dólar em espécie. "O dólar de referência é o da Bolsa, enquanto em uma casa de câmbio é o turismo ou paralelo, que são mais caros. No fundo, paga-se uma taxa de administração que é provavelmente menor que a corretagem da casa de câmbio, que vai de 5% a 10%."

    As aplicações iniciais variam. No BB, há uma opção a partir de R$ 1.000 com taxa de administração de 1,5%. Nos demais, há opções a partir de R$ 5.000 e R$ 10 mil.

    Folhainvest

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