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    Situação das contas públicas impede novos estímulos econômicos, diz Levy

    DE SÃO PAULO

    16/03/2015 12h53

    Em palestra dada à ACSP (Associação Comercial de São Paulo), o ministro da Fazenda Joaquim Levy defendeu os ajustes feitos pelo governo e a postura da presidente Dilma em relação à crise econômica. A Folha acompanhou a palestra ao vivo.

    Para Levy, as contas do país impedem novas medidas de incentivo e é necessária confiança no Brasil.

    "Se ficarmos com medo, temos problemas porque nos paralisamos. Contas públicas em ordem são a primeira coisa para ter confiança no país. É importante termos coragem para dar certo no tempo certo", afirmou.

    Levy afirmou concordar com a presidente sobre o fato de que "o mundo mudou" e isso tem impactado na economia brasileira. Para o ministro, a diminuição de políticas de incentivo à economia em parceiros como Estados Unidos e China teve impacto negativo no país.

    Para ele, a situação fiscal do Brasil faz com que o país não suporte outras medidas de estímulo. "Temos que equilibrar o BNDES e eliminar mudanças que haviam sido feitas. Eram medidas claramente insustentáveis do ponto de vista fiscal", disse.

    O ministro afirmou que o governo trabalha para eliminar cenários mais desfavoráveis, como o "downgrade" por parte de agências de classificação de risco, crise cambial e inflação alta. "Quanto menor a incerteza geral, mais dá para cada um tomar risco", afirmou.

    Os cortes, no entanto, ocorrem dentro dos limites do Executivo e são barrados por gastos obrigatórios, como os aprovados pelo Congresso.

    "Há partidos propondo que todo aumento do salário mínimo seja transferido indiscriminadamente ao INSS. Partidos da oposição têm sido muito focais nisso. Ajustes da aposentadoria acima da inflação têm que ser discutidos, mas são questões que vão além da área em que o Executivo pode atuar. Nas medidas em que o governo pode mexer, os cortes têm sido muito fortes."

    Ele criticou agendas de apoio por cada setor produtivo e intervenções via "capitalismo de Estado". "Senão criamos uma economia cada vez mais complexa em que cada problema cria três outros."

    Ele afirmou que juros mais baixos virão quando os gastos públicos estiverem equilibrados e a poupança brasileira, maior.

    "Juros da Ásia são baixos, mas eles têm poupança de 30%, 40% do PIB", afirmou. Para ele, a poupança brasileira pode ter caído para menos de 12% do PIB.

    QUASE UNÂNIME

    Mais tarde, ao sair de outro evento em São Paulo, com empresários na Fiesp, Levy disse a jornalistas que o ajuste fiscal é "quase uma unanimidade entre as classes produtoras".

    O presidente da entidade, Paulo Skaf, concordou com a fala de Levy, mas adicionou que o que não é unanimidade é a forma de se fazer o ajuste.

    "Na nossa visão, é possível fazer o ajuste ou aumentando receita ou reduzindo despesa. Esse é o ponto em que divergimos. Nós queremos que seja feito no sentido de redução de despesas do governo. E não de aumento de receita. Como não há crescimento, aumentar receita significa aumentar impostos. E a sociedade está cansada de pagar impostos", afirmou Skaf a jornalistas após a reunião com o ministro.

    De acordo com o presidente da Fiesp, Levy concordou com a necessidade de diálogo. "Neste momento, está sendo estruturada uma junção do Pis/Cofins pelo governo. Nós não queremos ver depois de ter saído. Nós precisamos ver essa medida antes. Uma coisa é a simplificação, em juntar dois impostos. Outra coisa é, na hora de juntar, aumentar a carga."

    Segundo Skaf, em nenhum momento Levy tratou das manifestações deste domingo (15) durante a reunião, que teve a participação de empresários como Abilio Diniz, Flávio Rocha, Josué Gomes e outros.

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