A crise financeira da Petrobras, que a obriga agora a vender ativos, se agravou nos últimos dois anos.
De 2012 ao final de 2014, as dívidas da estatal passaram de R$ 181 bilhões para R$ 332 bilhões.
A relação entre a dívida e o patrimônio da companhia subiu de 31% em 2013 para 43% no fim do terceiro trimestre de 2014.
Ao mesmo tempo, a geração de caixa foi prejudicada pela defasagem do preço dos combustíveis (a empresa importa por preço maior que o de venda no Brasil) e investimentos em atividades pouco rentáveis, como novas refinarias no Nordeste.
A estatal ampliou ao máximo o uso de refinarias, mas as perdas com a política de preços da gasolina está longe de ser zerado. No terceiro trimestre de 2014, a empresa importava 222 mil barris/dia de petróleo e derivados –quase 10% de sua produção.
Nesse período de dois anos, a dívida, que já era quase o triplo da capacidade de gerar fundos, subiu para quase o quíntuplo.
Medida pela alavancagem (que relaciona dívida e geração de caixa), passou de 2,77 para 4,63.
EFEITO LAVA JATO
A situação piorou com as investigações da operação Lava Jato, que provocou um impasse na publicação do balanço: a auditoria PwC recusou-se a assinar o documento.
Para atender às exigências da auditoria, a Petrobras montou uma força-tarefa para calcular as perdas com propinas e os valores reais de seus ativos.
Se não publicar o balanço até o final de maio, pode ser obrigada a antecipar o pagamento de US$ 110 bilhões, ou um terço de tudo o que deve na praça.
O alto endividamento e as dúvidas sobre a capacidade de pagamento fizeram a agência de risco Moody's rebaixar a nota da estatal, que perdeu assim o grau de investimento.
Na prática, significa que eventuais financiadores cobrarão juros mais altos para fazer empréstimos à estatal, piorando a situação da dívida.