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    PF faz operação em RJ, SP e MG contra fraude no financiamento de imóveis

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    17/03/2015 08h57

    A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (17) uma operação para desarticular um grupo que supostamente fraudava contratos de financiamento de imóveis na Caixa.

    A PF estima que ao menos R$ 102 milhões tenham sido desviados no esquema, que operou em 2012 e 2013 em três agências da Caixa no Rio.

    Segundo a PF, foram cumpridos 34 mandatos de condução coercitiva e 31 de busca e apreensão no Rio, em São Paulo e Minas Gerais. Contas bancárias de suspeitos foram bloqueadas e 20 carros de luxo sequestrados pelas autoridades.

    As pessoas são até o momento suspeitas de envolvimento e foram levadas à PF para prestar depoimentos.

    Apenas uma pessoa foi presa, segundo a PF, por ter sido flagrada no momento da abordagem policial com uma arma de uso restrito com registro raspado. De acordo com a PF, o homem seria o operador do esquema e inicialmente estava com mandato de condução coercitiva expedido.

    A PF não divulgou os nomes dos suspeitos. Uma pessoa já teria pedido para ser beneficiada no regime de delação premiada.

    Aos menos 10 funcionários da Caixa estariam envolvidos nas fraudes, entre os quais gerentes gerais de agências e os chamados gerentes de relacionamento, que são os que atendem os clientes e conduzem o processo de financiamento.

    De acordo com o superintendente regional da Caixa na Rio, José Domingos Martins, quatro funcionários do banco já foram demitidos porque descumpriram de forma fraudulenta as normas internas da estatal. Mesmo que os crimes ainda não tenham sido denunciados pelo Ministério Público e julgados pela Justiça, explicou Domingos, já há irregularidades suficientes que justifiquem as demissões.

    O superintendente da Caixa e dois delegados da delegacia fazendária da PF detalharam a operação para a imprensa no final da manhã desta terça, no Rio.

    O esquema funcionava da seguinte maneira: com documentos falsos de peritos terceirizados do banco, o grupo apresentava pedidos de empréstimo para imóveis supervalorizados ou até inexistentes.

    Havia integrantes da suposta quadrilha que atuavam como compradores, intermediários bancários e vendedores, todos recebiam uma parcela do montante liberado pelo banco para a compra do imóvel.

    Para aprovar os financiamentos no maior valor permitido por operação por agência –de R$ 1 milhão– as declarações de renda dos tomadores de crédito eram fraudadas. Entre os casos apresentados pela PF, está o de um ex-comissário de bordo com renda mensal de R$ 42.900.

    As operações tinham a conivência de funcionários da Caixa em três agências do Rio. Há informações de imóveis apresentados com valorização de mil porcento sobre o valor de mercado.

    Segundo a PF, a maioria dos imóveis são da região dos Lagos, litoral norte do Rio. Teriam sido feitas, ao longo dos dois anos em que o suposto esquema vigorou, ao menos 100 operações de financiamento, quase todas no teto permitido, de R$ 1 milhão.

    A investigação começou em 2014 depois que os controles de segurança internos da Caixa identificaram um aumento expressivo de pedidos de financiamento para a região dos Lagos por três agências específicas. O controle do banco identificou a movimentação suspeita em meio as 6 mil operações de financiamento imobiliário que a Caixa faz por dia em todo o Brasil.

    Outra suspeita que levou a identificação do esquema foi que muitos desses imóveis eram avaliados por peritos terceirizados da Caixa em outros estados– por isso há mandatos de busca em São Paulo e Minas Gerais.

    Um terceiro fator levantou suspeita quanto aos contratos fraudados: eles levavam cerca de quatro dias para serem liberados, enquanto a média do banco era de 45 dias.

    A PF informou que na maior parte dos casos já há elementos suficientes para que o MP peça à Justiça a abertura de processos por formação de quadrilha, falsificação de selos e documentos públicos, estelionato, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

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