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    Acordos salariais têm aumento real maior em 2014, diz Dieese

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    19/03/2015 10h05

    Apesar de a economia dar sinais de enfraquecimento em 2014, o ganho real médio (acima da inflação) pago no ano passado aos trabalhadores foi superior ao concedido nos acordos salariais de 2013.

    Ao analisar 716 negociações coletivas, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) constatou que o aumento real médio, medido pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), equivaleu a 1,39% no ano passado. Os melhores ganhos foram obtidos por categorias que negociaram no primeiro semestre.

    Em 2013, o ganho médio havia sido de 1,22% superior ao indicador, que é o mais usado pelos sindicatos para negociar reajustes.

    De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Dieese, 91,5% das negociações tiveram reajuste acima da inflação, 6,1% tiveram correção igual ao INPC e 2,4% não conseguiram repor as perdas inflacionárias.

    COMPARE OS REAJUSTES

    Variação %
    Acima do INPC-IBGE 655 91,5
    Mais de 5% acima 1 0,1
    De 4,01% a 5% acima 8 1,1
    De 3,01% a 4% acima 33 4,6
    De 2,01% a 3% acima 112 15,6
    De 1,01% a 2% acima 321 44,8
    De 0,01% a 1% acima 180 25,1
    Igual ao INPC-IBGE 44 6,1
    De 0,01% a 1% abaixo 17 2,4
    De 1,01% a 2% abaixo 0 0
    De 2,01% a 3% abaixo 0 0
    De 3,01% a 4% abaixo 0 0
    De 4,01% a 5% abaixo 0 0
    Mais de 5% abaixo 0 0
    Abaixo do INPC-IBGE 17 2,4
    TOTAL 716 100

    Esses resultados também são melhores se comparados aos de 2013, quando 86,2% das negociações tiveram correção acima da inflação, 7,5% igual ao INPC e 6,3% abaixo do índice.

    A principal explicação para os desempenho positivo, segundo técnicos do departamento, é que o baixo crescimento do país e a alta da inflação não haviam afetado de forma negativa o mercado de trabalho.

    DISTRIBUIÇÃO POR REAJUSTES SALARIAIS NO 1º SEMESTRE DE 2014

    Variação %
    Abaixo do INPC-IBGE 14 2,9
    Igual ao INPC-IBGE 27 5,6
    Acima do INPC-IBGE 438 91,4
    Total 479 100

    DISTRIBUIÇÃO POR REAJUSTES SALARIAIS NO 2º SEMESTRE DE 2014

    Variação %
    Abaixo do INPC-IBGE 3 1,3
    Igual ao INPC-IBGE 17 7,2
    Acima do INPC-IBGE 217 91,6
    Total 237 100

    O ritmo de geração de vagas havia diminuído no ano passado, mas com abertura de postos de trabalho. Desde dezembro, entretanto, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostram fechamento de vagas. Somente em fevereiro foram cortadas 2.415 vagas com carteira assinada, pior resultado para o mês desde 1999.

    "Os resultados conquistados em 2014 tiveram como pano de fundo um quadro econômico de baixo crescimento e de alta de inflação. Este cenário era considerado por muitos analistas como desfavorável para a negociação coletiva, na medida em que estimularia o empresariado a ser mais resistente diante das demandas dos trabalhadores", cita o estudo.

    "No entanto, o que se verificou é que, apesar do prognóstico ruim, as negociações tiveram alta no número de aumentos reais, superando as conquistas de 2013", completa.

    POR SETOR

    O comércio foi o setor com melhor desempenho nas negociações de reajuste salarial do ano passado. Segundo o estudo, 98,2% dos acordos feitos nesse setor incorporaram ganhos reais. Com relação ao percentual de aumento real, foi de 1,47% em 2014 ante 1,43% em 2013.

    Já no setor industrial, 90,9% dos reajustes foram acima da inflação no ano passado. Em média, o ganho real nesse setor foi de 1,38%, percentual próximo ao registrado no ano anterior (1,32% em 2013).

    No setor de serviços, 89,2% dos acordos feitos ficaram acima da inflação.

    A maior parte dos ganhos reais se concentrou na faixa até 2% acima do INPC, segundo o estudo.

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