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    Construtoras do Minha Casa, Minha Vida preveem onda de demissões

    RENATA MOURA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL (RN)

    21/03/2015 02h00

    Construtoras que atuam no projeto do Minha Casa, Minha Vida no Nordeste afirmam que o governo federal atrasou pagamentos de R$ 175 milhões e, por isso, ameaçam paralisar as obras e ampliar as demissões no setor.

    O montante se refere apenas a quatro Estados –BA, CE, MA e RN–, de acordo com os sindicatos locais da construção civil, e o atraso varia de 20 a 75 dias. O problema atinge principalmente as construtoras menores.

    Os pagamentos ficam a cargo do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e deveriam ser liberados 15 dias após a medição das obras. Procurados, os bancos não falaram. Informaram que só o Ministério das Cidades comentaria o caso.

    Fonte para o dinheiro repassado às construtoras, o ministério afirmou que "o cronograma de pagamentos segue com o fluxo normal".Região do país que concentra o maior índice de obras em andamento (34,37%), todo o Nordeste soma 439,1 mil unidades do MCMV em construção ou não iniciadas.

    As demissões, segundo diretores do Sinduscon, começaram já no ano passado.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CAGED 'NO VERMELHO'

    Segundo dados do Caged (cadastro de empregos do Ministério do Trabalho) divulgados na quarta (18), todo o setor da construção civil no Nordeste está no vermelho: saldos negativos (registro de mais demissões do que contratações) de 9.635 vagas em fevereiro e 19.846 no primeiro bimestre (o pior saldo entre as cinco regiões).

    Responsável pelo programa, o governo federal nega que haja atraso. Os imóveis do MCMV são casas e apartamentos para famílias com renda de até R$ 1.600.

    "Pela incerteza de pagamentos, as empresas retardam a compra de materiais e a abertura de novas frentes de trabalho", diz o presidente do Sinduscon-Bahia, Carlos Henrique Passos.

    O Estado é o que tem a maior quantia de repasses atrasados –R$ 80 milhões.

    "Chegou a um ponto que não conseguimos suportar", diz o presidente do Sinduscon no Maranhão, Fábio Nahuz. Segundo ele, há possibilidade de paralisação a partir de abril, caso os repasses não sejam regularizados.

    No Ceará, os atrasados giram em torno de R$ 30 milhões e até 10 mil trabalhadores dessas obras foram demitidos desde novembro.

    No Rio Grande do Norte, os atrasos chegam a R$ 15 milhões, diz o Sinduscon-RN. "Não temos como trabalhar com despesas altíssimas e sem receber", afirma o diretor Carlos Luiz Cavalcanti.

    Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins, os atrasos ocorrem em todo o país desde o segundo semestre de 2014. Ele não possui o valor global.

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