Credores da Sete Brasil estudam seguir os passos do banco britânico Standard Chartered e executar garantias de empréstimos concedidos à companhia, recorrendo ao FGCN (Fundo Garantidor da Construção Naval).
Criado para garantir o pagamento de credores em caso de calote, o fundo reembolsa, no máximo, 50% do emprestado por credor.
Como a Sete recebeu R$ 12 bilhões em empréstimos de curto prazo de um grupo de bancos nacionais e estrangeiros, se todos eles recorrerem ao FGCN, os reembolsos teriam que chegar a R$ 6 bilhões. O problema, apurou a Folha, é que o fundo só tem R$ 4 bilhões em caixa.
Principal parceira da Petrobras na exploração do pré-sal, a empresa recorreu ao empréstimo-ponte para continuar operando enquanto esperava um crédito prometido pelo BNDES. A maior parte dessas dívidas já venceu.
Nesta semana, o banco britânico Standard Chartered decidiu tomar a iniciativa e recorreu ao FGCN para receber suas garantias, o que provocou uma corrida de outros credores para se habilitar o quanto antes.
Quem faz o pedido de execução primeiro recebe a metade do crédito. Mas quem chega por último corre o risco de receber menos, já que pode não haver saldo.
O Standard Chartered emprestou US$ 250 milhões à Sete e essa dívida, que já tinha sido renegociada, venceu nesta terça (17).
Sumitomo Mitsui, The Bank of New Scotia, Bradesco BBI e Citibank estão na mesma situação. Juntos, deram US$ 1,2 bilhão à Sete.
Os maiores credores da empresa são Bradesco, Banco do Brasil, Itaú BBA e Santander.
A Folha apurou que os bancos nacionais são os mais resistentes a entrar com o pedido de execução de garantia. Se ficarem no final da fila, eles estimam que podem receber algo entre 33% e 38%.
Para sacar o dinheiro do FGCN, o credor comunica o fundo, que tem um mês para decidir se aprova o pedido.
Um dos critérios para a aprovação é o prazo do empréstimo que precisa ter, no mínimo, cinco anos –condição que os credores dizem cumprir. Após o aval, o fundo tem ainda mais dez dias para liberar os recursos.
A Sete corre para encontrar até lá uma solução para seus problemas financeiros. Um dos principais projetos do governo Dilma, a empresa está em um impasse porque o BNDES passou a pedir mais garantias com o envolvimento da Sete na Lava Jato.
A empresa entrou na investigação após Pedro Barusco, ex-diretor de operações da Sete, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas –reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal.