Elas são quase imperceptíveis, mas um "exército" delas está sendo criado em laboratório para combater o greening, principal doença que ataca os pomares de laranja.
A Tamarixia radiata, vespa que mede 1 milímetro e ataca o psilídeo (inseto vetor da greening), passou a ser reproduzida pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) para amenizar a incidência da bactéria, responsável pela erradicação de 38,5 milhões de pés de laranja nos últimos dez anos.
O laboratório que criará 100 mil vespas por mês será inaugurado nesta quarta (25) em Araraquara (273 km de SP).
O objetivo é produzir um inimigo natural para controle biológico das lavouras, reduzindo o uso de inseticidas.
Edson Silva/Folhapress | ||
Agricultor mostra laranjas afetadas pelo greening |
A doença greening, que foi detectada no país em 2004, afeta a qualidade da fruta e diminuir a produtividade a até um quinto de um pé saudável.
A estimativa do Fundecitrus é que 15% dos cerca de 160 milhões de pés em produção em São Paulo estejam afetados pela bactéria.
O inseto que transmite o greening se desenvolve também em plantas como as murtas, muito usadas em cercas vivas e em cemitérios.
Por isso, no laboratório, mudas de murta são mantidas na estufa com brotos para criar os psilídeos dos citros. Depois, as murtas são colocadas numa gaiola e o psilídeo é solto no local.
Em seguida, ele coloca seus ovos na murta. A segunda fase de seu desenvolvimento é virar ninfas –a terceira é a fase adulta–, que são levadas para outra sala.
Nesse local, a Tamarixia é solta e parasita as ninfas. Uma vespa pode colocar ovos em 600 ninfas.
As vespas serão soltas nos 15 mil hectares de pomares abandonados no Estado, além de chácaras e na área urbana. Apesar de os pomares descuidados representarem pouco mais de 3% do total, o índice preocupa o setor porque uma planta infectada pode ter até mil psilídeos.
Para um hectare, são necessárias 400 vespas. Cada uma custa de R$ 0,07 a R$ 0,20.