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    Mercedes já adota semana de quatro dias para compensar queda nas vendas

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    26/03/2015 02h00

    Com queda nas vendas de até 40% nos primeiros dois meses deste ano, os fabricantes de caminhões já reduzem a jornada de trabalho e até salários para adequar a produção à fraca demanda.

    É a primeira vez neste ano que a "semana curta", usada no ano passado e em períodos de crise, é adotada.

    A Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, trabalha com jornada de quatro dias desde 6 de março e deve estender a medida na linha de caminhões por um período mais longo.

    Na última segunda, todos os cerca de 10,5 mil funcionários ficaram em casa. Na terça, a linha de caminhões permaneceu parada.

    Desde julho do ano passado, 750 empregados da MBB estão em "lay-off" (suspensão temporária do contrato de trabalho). Devem retornar à fábrica no final de abril.

    Editoria de arte/Folhapress

    A montadora abriu na semana passada um PDV (programa de demissão voluntária) para enxugar o quadro pessoal –considera que, além dos 750, há um excedente de 1.200 na unidade.

    "A semana reduzida vai até abril e pode ser estendida. Estamos negociando medidas para evitar demissões, já que a Mercedes tem dito que há um excedente de trabalhadores", afirma Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

    A MAN, divisão de caminhões da Volkswagen em Resende (RJ), trabalha em 2015 com jornada e salários reduzidos em 10%. O acordo, feito com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense e aprovado pela categoria, inclui ainda um PDV aberto aos 5.000 funcionários da montadora e de sete fornecedores que atuam na unidade no sistema produtivo conhecido como consórcio modular.

    A Scania, em São Bernardo, prevê cinco dias de parada em abril para adaptar seus volumes, segundo acordo de jornada flexível negociado com o sindicato da região. Dos atuais 3.779 funcionários da fábrica, 60% estão na linha de produção.

    No Paraná, a Volvo concedeu férias coletivas para 1.700 empregados do setor de produção de caminhões de 16 de março a 5 de abril.

    Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, diz que, com a volta dos funcionários, deve discutir redução da jornada e outras medidas com a Volvo. "Não tem outra forma, temos de negociar. No final de 2014 já houve a dispensa de 200 empregados com contrato temporário determinado", diz.

    Na Ford, há uma negociação para a abertura de um plano de demissões, segundo a Folha apurou. A empresa tem 424 empregados em banco de horas por tempo indeterminado na unidade de São Bernardo, onde produz caminhões e automóveis.

    Com os juros mais altos para o financiamento de caminhões e o agravamento da crise, a demanda de caminhões vem caindo principalmente no segmento de caminhões pesados para construção civil e agronegócios.

    As quedas nesse segmento chegam a 70% no primeiro bimestre ante igual período de 2014, com as decisões de compra postergadas.

    Em 2014, o setor de caminhões já havia registrado queda de 11,3% em relação a 2013. "Temos negociado com o governo um plano para proteger empregos e renovar a frota de caminhões", diz Marques.

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