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    Para Levy, fizeram 'banzé' com trecho irrelevante de frase dele sobre Dilma

    DE SÃO PAULO

    30/03/2015 15h15

    Em debate com empresários de São Paulo nesta segunda-feira (30), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, criticou o tratamento dado pela imprensa a frase dele sobre a presidente Dilma.

    Para Levy, foi armado "um banzé em cima do truísmo [obviedade] de que, numa empresa, muitas vezes se trabalha sob pressões e nem tudo acontece de forma ideal".

    Na terça-feira (24), o ministro havia afirmado em evento a portas fechadas que "há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno".

    Nesta segunda-feira, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou a fala e afirmou que ela é assunto ultrapassado.

    Dilma afirmou que o ministro foi mal interpretado e agradeceu o que considerou um elogio.

    No evento do Lide nesta segunda acompanhado em tempo real pela Folha, Levy deu ênfase ao trecho em que fala do "genuíno interesse e dedicação em endireitar as coisas no Brasil".

    GASTOS VOLTARÃO A PATAMAR DE 2013

    O ministro afirmou que a meta do governo é trazer os gastos para o mesmo patamar de 2013, o que representaria uma redução de 30%.

    "Vai incomodar muita gente, mas o governo está fazendo isso e a presidente bancou isso. Será um esforço de todos."

    Segundo o ministro, caso o país falhe em fazer o ajuste fiscal, perderá o grau de investimento.

    Segundo Levy, ajustes fiscais passam não só pela União, mas também pelo Congresso. "Se acertamos na agenda tributária e financeira, no PIS Cofins e no ICMS e tivemos um acordo nos Estados, do Senado –muito mais do que da União– que retire empecilhos, as pessoas saberão muito mais onde e como investem. Isso vai se traduzir em investimento bastante rápido."

    Ele defendeu a queda de estímulos para que a economia cresça.

    "Competitividade, investimento e concorrência são essenciais. Se todos estiverem confortáveis e protegidos, não é racional aumentar sua competitividade."

    EM ROTA DE RECUPERAÇÃO

    O ministro aproveitou o evento para defender as medidas que estão sendo adotadas pelo governo e pintar um horizonte positivo para a economia.

    Segundo Levy, as mudanças que restringem a obtenção do seguro desemprego tornarão menos interessante para jovens mudar de vaga em pouco tempo. Isso permitirá que as empresas invistam mais em seus funcionários.

    Para ele, a indústria já vive um ambiente favorável com desvalorização do câmbio, que fechou em R$ 3,22 na sexta-feira.

    Ele acredita que haverá nos próximos meses "uma retomada da produção industrial e mais indústrias atendendo à demanda interna, o que já não se via".

    CRISE MUNDIAL E CRISE INTERNA

    Levy fez coro com a presidente Dilma ao ressaltar o cenário internacional como fator importante para a crise interna. Para ele, a crise de 2008 não afetou o Brasil inicialmente porque houve expansão monetária nos Estados Unidos e aumento de investimentos na China.

    Isso fez subir os preços das commodities vendidas pelo Brasil, além de o governo ter tido mais dinheiro em caixa para investir.

    "É um fenômeno muito raro, consequência da resposta anticíclica dos parceiros. Não é culpa dos outros, mas precisamos reconhecer que o cenário mudou e nossa capacidade de fazer investimentos anticíclicos se esgotou", disse.

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