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    Após pedido de recuperação judicial, OAS quer encolher para se recuperar

    DAVID FRIEDLANDER
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    01/04/2015 02h00

    Com seus principais executivos presos há 140 dias na Operação Lava Jato e sufocado por R$ 9,2 bilhões em dívidas, o grupo OAS entrou com pedido de recuperação judicial nesta terça-feira (31) na Justiça de São Paulo.

    Para pagar pelo menos parte do que deve, a OAS também colocou à venda suas participações em empresas como a Invepar (concessionária do Aeroporto de Guarulhos), o estaleiro Enseada, a empresa de petróleo e os estádios de Natal e Salvador.

    "O plano é manter a construtora, que é a origem do grupo", diz Diego Barreto, um dos diretores da construtora. O faturamento, de quase R$ 9 bilhões no ano passado, deve cair para R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões este ano.

    Apu Gomes/Folhapress
    Prédio em construção pela OAS Empreendimentos, que terá 80% dos seus ativos postos à venda
    Prédio em construção pela OAS Empreendimentos, que terá 80% dos seus ativos postos à venda

    Desde dezembro, a empresa dispensou 15 mil pessoas nos canteiros de obras e 140 na área administrativa. A OAS vai praticamente desistir do mercado externo, mantendo operações em apenas 5 dos 21 países em que chegou a atuar.

    A Operação Lava Jato derrubou um dos grupos mais influentes do país. O fundador, César Mata Pires, era genro do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Seu sócio, José Aldemário Pinheiro, que está preso, foi um dos primeiros empresários a se aproximar do PT nos anos 90.

    Nos últimos anos, a OAS teve um crescimento fulminante e se endividou para entrar em novos negócios. Acusada de pagar propina em troca de contratos na Petrobras, a empresa não conseguiu refinanciar dívidas de R$ 1,5 bilhão que iriam vencer ao longo deste ano.

    O processo de recuperação judicial da OAS é um dos maiores da história do país. Envolve nove empresas, incluindo a construtora. Do total de R$ 9,2 bilhões que o grupo deve, R$ 8 bilhões entraram no pedido de recuperação e serão renegociados.

    ANSIEDADE

    Se o pedido for aprovado pela Justiça, a OAS terá 60 dias para apresentar aos credores um plano de reestruturação de sua dívida. Segundo a Folha apurou, os credores estão ansiosos com a falta de sinalização sobre o que a companhia pretende fazer.

    Mas já é dado como certo que boa parte da dívida vai "virar pó". Quase 70% dos credores são detentores de títulos de dívida vendidos no exterior, que já estão sendo negociados por 15% do que valem. Isso significa que a OAS não vai oferecer muito mais do que isso.

    Para seguir operando enquanto renegocia a dívida, a empresa tenta vender seu ativo mais valioso –os 24,4% na Invepar. Mas as propostas ficaram abaixo dos cerca de R$ 2,8 bilhões pedidos.

    Uma opção é conseguir um financiamento de R$ 800 milhões. Nesse caso, a Invepar entraria como garantia desse empréstimo. Outra aposta para fazer caixa é a OAS Soluções Ambientais, que trata água e esgoto em Guarulhos e Araçatuba, e já atraiu interessados.

    RAIO-X: DÍVIDAS DA OAS

    R$ 8 bilhões é a dívida que entrou em recuperação judicial

    A dívida total é R$ 9,2 bilhões

    Principais credores:

    – Donos de títulos (69%)

    – Bancos (14%)

    – Investidores locais (11%)

    – Financiamento de equipamento (4%)

    – Outros (2%)

    – Fatia em ativos à venda

    – Invepar (24,44%)

    – Estaleiro Enseada (17,5%)

    – OAS Empreend. (80%)

    – OAS Soluc. Ambi. (100%)

    – OAS Óleo e Gás (61%)

    – OAS Arenas: Fonte Nova (50%) e Dunas (100%)

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