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    Despesa represada com social causa rombo ao Tesouro

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    01/04/2015 02h00

    Um deficit recorde no caixa do Tesouro e a disparada das despesas com juros da dívida pública, ambos em fevereiro, derrubaram os resultados do ajuste fiscal conduzido pelo ministro Joaquim Levy.

    A despeito da contenção de gastos imposta pela equipe econômica, concentrada nas obras de infraestrutura, as contas do governo fecharam o bimestre com números piores que os do mesmo período de 2014.

    A maior decepção veio da administração federal. As despesas do mês passado com pessoal, programas sociais, custeio e investimentos superaram as receitas em R$ 7,4 bilhões.

    Trata-se do pior desempenho já apurado em fevereiro pelo Tesouro, que calcula seus saldos pela atual metodologia desde 1997.

    Editoria de arte/Folhapress

    O mercado esperava um saldo ligeiramente positivo, em torno de R$ 200 milhões, segundo o Itaú Unibanco. Com isso, o ceticismo quanto ao cumprimento das metas fixadas para o ano tende a se fortalecer.

    A principal causa do rombo mensal foi a expansão de despesas com benefícios sociais, que foram represados ou adiados ao longo do ano passado –artifício que ficou conhecido como "pedalada".

    Já as receitas sofreram o impacto da prostração da economia. O Tesouro só não fechou o bimestre com deficit graças a uma arrecadação de R$ 4,6 bilhões, decorrente de uma união entre empresas cujos nomes não foram revelados.

    Houve boa ajuda, ainda, dos Estados e municípios, que pouparam nos dois primeiros meses do ano R$ 15,7 bilhões para o abatimento da dívida pública.

    Não foi o bastante, porém, para conter a escalada da dívida, que saltou de 64,4%, em janeiro, para 65,5% do PIB –esses percentuais serão revisados para baixo devido a mudanças no cálculo do PIB.

    A alta é consequência de um montante inusitado de despesas financeiras. Em fevereiro, houve um gasto extra de R$ 27,3 bilhões –o equivalente a um ano de Bolsa Família– na tentativa de conter a alta do dólar.

    A perda, recorde, foi contabilizada em operações nas quais o BC ofereceu uma espécie de seguro ao mercado contra a valorização da moeda americana. Como ela disparou, o BC ficou com o prejuízo.

    Incluídos na conta os encargos com juros, o setor público fechou o bimestre com deficit de 7,3% do PIB. Mesmo após a revisão, o percentual será o maior medido pela atual metodologia do final de 2002 para cá.

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