• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 10:30:22 -03

    Ajuste fiscal faz investimento cair e agrava atraso em obras públicas

    GUSTAVO PATU
    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    05/04/2015 02h00

    Os investimentos públicos sofreram uma freada generalizada no início deste ano, o que agrava a tendência de recessão na economia.

    Levantamento feito pela Folha mostra que as despesas com obras de infraestrutura e compras de equipamentos caíram no Tesouro Nacional, nas estatais federais e em Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

    Vanderlei Almeida/AFP
    Complexo Petroquímico do Rio, afetado por crise na Petrobras
    Complexo Petroquímico do Rio, afetado por crise na Petrobras

    Quedas desses gastos são naturais em inícios de mandato, mas desta vez há agravantes como o ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy (Fazenda), a crise da Petrobras e o impacto da estagnação na arrecadação de impostos.

    Com dificuldades para reequilibrar suas contas, o governo Dilma tem reduzido investimentos desde o fim do ano passado, aumentando o atraso de obras bilionárias sob responsabilidade federal.

    Os investimentos com recursos do Tesouro desabaram no primeiro bimestre de 2015, quando somaram R$ 11,2 bilhões, numa queda de 31,3% em relação ao montante dos primeiros dois meses de 2014, já descontada a inflação.

    Na mesma base de comparação, os desembolsos das estatais federais caíram 23,7%, atingindo R$ 12,1 bilhões. A redução foi puxada pela Petrobras, que responde por cerca de 90% do gasto total.

    Alguns projetos da estatal foram até cancelados, como a refinaria Premium 1 (MA).

    Há quedas também entre os Estados, que contabilizam apenas os recursos do Orçamento corrente –o governo federal inclui também as despesas remanescentes de Orçamentos anteriores.

    Em São Paulo, onde o governador tucano Geraldo Alckmin foi reeleito, os investimentos caíram 17,1% no primeiro bimestre na comparação com os valores corrigidos do mesmo período de 2014.

    Em Minas, onde houve troca de comando, o petista Fernando Pimentel parou integralmente os desembolsos –ao menos os programados para este ano. O balanço do Estado registra apenas R$ 19 mil investidos no bimestre.

    AJUSTE FISCAL

    Como não é possível deixar de pagar salários, aposentadorias e benefícios assistenciais, os investimentos são o alvo preferencial de ofensivas de ajuste fiscal como a hoje conduzida por Levy.

    Pelo que a equipe econômica tem indicado, os investimentos serão freados neste ano. O PAC não será exceção: um decreto presidencial limitou os desembolsos do programa a R$ 15,2 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano, ante R$ 19,9 bilhões no mesmo período de 2014.

    A redução dessas despesas agrava as deficiências nacionais em infraestrutura e derruba o desempenho da economia. Nas expectativas oficiais, publicadas pelo Banco Central, o PIB cairá 0,5% neste ano, em especial devido à redução de 6% dos investimentos públicos e privados.

    O Ministério do Planejamento informou que a queda nos investimentos era esperada porque grandes projetos do governo terminaram ou já saíram de seu pico de desembolsos. Além disso, houve também atraso na aprovação do Orçamento de 2015, o que prejudicou os pagamentos.

    Sobre o futuro das obras públicas, o ministério afirma que isso dependerá do planejamento de cada empresa.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024