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    Envolvida na Lava Jato, Schahin prepara pedido de recuperação judicial

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    07/04/2015 02h00

    A Schahin engrossou a fila das empresas em crise por causa da Operação Lava Jato. A companhia, que prepara seu pedido de recuperação judicial, interrompeu a operação de cinco sondas que alugava para a Petrobras.

    Segundo a Folha apurou, a decisão foi tomada porque o caixa da Schahin está praticamente no fim e poderia faltar dinheiro para desmobilizar os equipamentos com segurança. Procurada, a empresa não quis se pronunciar.

    O grupo Schahin está finalizando a negociação com os credores e pode entrar com pedido de recuperação judicial em breve. As empresas envolvidas são a Schahin Óleo e Gás, a Schahin Engenharia e subsidiárias no exterior utilizadas para captação de recursos.

    A empresa não tem mais condições de pagar sua dívida, que chega a cerca de US$ 4,5 bilhões ou R$ 13,9 bilhões pelo câmbio desta segunda (6). O montante é superior aos R$ 8 bilhões que a OAS, uma das maiores empreiteiras do país, colocou em recuperação judicial. Também já seguiram pelo menos caminho Alumini e Galvão Engenharia.

    A Schahin é acusada, na Lava Jato, de participar do cartel que superfaturava obras para a Petrobras. Apesar de seus executivos não terem sido presos, a companhia teve seu nome citado nas delações premiadas e faz parte do grupo de 23 empresas que foram excluídas de novas licitações pela Petrobras.

    A Schahin se endividou pesadamente para fornecer sondas para a estatal, aproveitando a política de conteúdo nacional. Adquiriu três sondas e fez contratos de leasing para outras três. Todas estão alugadas para a Petrobras, mas só uma delas será mantida em funcionamento.

    CREDORES ASIÁTICOS

    Boa parte da dívida da companhia está no exterior e os maiores credores são o banco chinês ICBC e o japonês Mizuho. Bancos nacionais também emprestaram dinheiro para a Schahin, mas por meio de um sindicato de bancos que comprou papéis da companhia no exterior.

    A Petrobras confirmou que foi informada pela Schahin da necessidade de "parada temporária" de cinco unidades de perfuração e disse que "está avaliando as medidas contratuais cabíveis", sem especificar o que isso significa.

    A estatal não informou onde essas sondas operavam, mas apenas que são de perfuração dos poços. Algumas delas têm capacidade para atuar no pré-sal. O petróleo só é extraído, no entanto, em uma fase posterior, quando é instalada uma plataforma de produção.

    A retirada dos equipamentos da Schahin, portanto, não interfere na produção da Petrobras no curto prazo, mas pode prejudicar as metas de médio e longo prazo.

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