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    Mais um conselheiro da Petrobras desiste de reeleição

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO
    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    07/04/2015 13h03

    O conselheiro de administração da Petrobras José Monforte, eleito para o cargo há um ano por acionistas minoritários, resolveu não se recandidatar à vaga, seguindo, desta forma, a decisão tomada pelo colega Mauro Cunha.

    Segundo a Folha apurou, Monforte, que representa os donos de papéis preferenciais, já vinha descontente com os rumos da empresa, ditado, em grande parte, pelas decisões dos conselheiros que representam a União. Procurado, ele disse que não vai comentar.

    Na semana passada, Cunha havia comunicado oficialmente à Petrobras a decisão de não mais concorrer à vaga de representante dos acionistas minoritários no conselho, que integrava desde 2012.

    Na ocasião, ele divulgou uma carta em que informava ter tomado a decisão devido à "incapacidade do acionista controlador [a União] em agir com o devido grau de urgência para reverter os inúmeros problemas que trouxeram a Petrobras à situação atual" e frente aos "abusos cometidos contra a companhia".

    A eleição dos novos nomes do conselho de administração da Petrobras ocorrerá em assembleia com acionistas marcada para 29 de abril, na sede da empresa.

    Em várias matérias, como reajuste de combustíveis e contabilidade, especialmente em relação aos impactos do câmbio no resultado da empresa e no valor das refinarias, Cunha e Monforte costumavam posicionar-se contrários aos sete conselheiros ligados ao governo. Também foram contrários à nomeação do atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.

    A eleição dos novos nomes do conselho de administração da Petrobras ocorrerá em assembleia com acionistas marcada para 29 de abril, na sede da empresa.

    CANDIDATOS

    A estatal informou, na manhã desta terça-feira (7), que estão concorrendo a conselheiros de administração, nas vagas destinadas aos controladores, o economista Walter Mendes e o engenheiro Guilherme Affonso.

    Mendes concorrerá à vaga de representante dos acionistas donos de ações preferenciais, antes preenchida por Monforte.

    Ele foi presidente da Amec (Associação dos Investidores no Mercado de Capitais), cargo atualmente ocupado por Cunha. Atuou como executivo na área de investimentos do Itaú Unibanco e da Schroder Investment Management, além de sócio gestor de fundos na Cultinvest Asset Management. Recebeu indicação do acionista Reginaldo Ferreira Alexandre.

    Affonso é conhecido por adquirir participações minoritárias em empresas e atuar nelas como conselheiro buscando influenciar nas decisões das companhias –casos do Itaú, da Sulamérica e do Pão de Açúcar. Recebeu indicação do fundo de investimento GTI Administração de Recursos e do acionista Reginaldo Ferreira Alexandre.

    A Petrobras tem dez conselheiros de administração. Sete são indicados pelo governo, representando a União como controladora da empresa. Duas vagas cabem a acionistas minoritários e uma, ao representante dos trabalhadores.

    Murilo Ferreira, presidente da Vale, é indicado pelo governo para presidir o colegiado, em substituição ao ex-ministro Guido Mantega.

    CANDIDATOS TÊM AVAL, DIZ AMEC

    Os candidatos às duas vagas de representantes de minoritários no conselho da Petrobras, apresentados nesta quarta-feira (8), têm aval de investidores no Brasil e no exterior, e devem continuar com o trabalho dos que estão saindo do colegiado.

    É o que diz André Gordon, vice-presidente da Amec e gestor da GTI Administração de Recursos..

    Com investimento de R$ 1,5 milhão em Petrobras, a GTI é um dos minoritários que fizeram oficialmente a indicação de Affonso.

    Segundo Gordon, a Amec participou da escolha dos dois nomes e da sondagem prévia de suas indicações junto a outros acionistas.

    Ele não quis dizer quais instituições foram consultadas.

    "Os dois nomes foram apresentados informalmente a diversos fundos e instituições no Brasil e no exterior, e houve uma receptividade muito grande a eles", disse Gordon. "Esse processo [de exigir da empresa posicionamento diferente em questões polêmicas] vai continuar com a eleição de ambos.

    "Entendo a frustração pessoal dos dois conselheiros. Quando estudamos finanças, acompanhamos empresa e sabemos o que é melhor para a empresa, mas não vê aquele caminho correto sendo compartilhado de forma unânime, é muito exaustivo. É como tentar mover uma montanha", disse Gordon.

    Gordon diz reconhecer a possibilidade de haver outros candidatos às vagas. Mas acha que a consulta prévia a investidores no Brasil e no exterior lhe dá esperança de que os nomes serão eleitos.

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