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    Votorantim fará reengenharia na imagem para fixar identidade

    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    12/04/2015 02h00

    Por quase cinco décadas a imagem do grupo Votorantim, um dos maiores do país, ficou a reboque da figura de Antônio Ermírio de Moraes, um ídolo do empresariado brasileiro, famoso também pela falta de cerimônia com que criticava governantes, políticos e colegas.

    O empresário morreu no ano passado e os 23 primos da terceira geração dos Ermírio de Moraes decidiram fazer uma reengenharia na identidade do grupo, que não terá mais um rosto de ponta como símbolo dos negócios.

    Divulgação/Votorantim
    Cena de novo filme publicitário do grupo Votorantim
    Cena de novo filme publicitário do grupo Votorantim

    O plano agora é tornar a marca Votorantim mais conhecida do público. Ela será usada como chamariz para as empresas de grupo, já que no futuro algumas poderão ter ações colocadas à venda nas Bolsas de Valores.

    Nesta segunda-feira (13), a Votorantim vai lançar a primeira campanha institucional na televisão em 98 anos de história. O filme, feito para martelar a ideia de que o grupo é um lugar sólido e inovador, estreia no horário nobre na TV aberta e será exibido também em 15 canais por assinatura e salas de cinema.

    A meta é que, com o tempo, o grupo e sua marca venham a ser identificados em qualquer lugar que apareçam.

    Isso é importante, diz Luiz Carlos Dutra, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Votorantim, para segurar e atrair talentos e para chamar a atenção de investidores potenciais que um dia poderão comprar ações de empresas do grupo.

    Os Ermírio de Moraes já têm uma empresa na Bolsa, a indústria de celulose Fibria, e estão com tudo pronto para abrir o capital da Votorantim Cimentos, sexta maior do ramo no mundo e responsável por 46% da receita de R$ 28 bilhões que o grupo teve no ano passado.

    A companhia pretendia vender de 15% a 20% de suas ações nas Bolsas de Valores de São Paulo e Nova York em 2013, mas voltou atrás diante da frieza do mercado naquele momento.

    Haverá uma nova tentativa quando o ambiente econômico melhorar e o grupo alimenta também a intenção de abrir o capital de outras empresas, ainda não definidas.

    Com 55 mil funcionários, além de cimento e celulose o Votorantim tem negócios nas áreas de siderurgia, energia e metais, e é sócio da indústria de suco de laranja Citrosuco e do banco Votorantim.

    TROPEÇOS E VIRADA

    Os novos planos dos Ermírio de Moraes chegam num momento importante da trajetória do grupo, que vai completar cem anos em 2018. Outros conglomerados fundados junto com ele, no começo do século passado, como o Matarazzo, acabaram ou não têm mais expressão.

    A Votorantim sobreviveu a vários ciclos econômicos diferentes, chegou a ser o maior grupo privado do país, mas também teve seus tropeços.

    No ano passado, sua empresa de cimento foi condenada, ao lado de outras cinco cimenteiras, por prática de cartel e manipulação de preços no mercado.

    Editoria de Arte/editoria de arte

    Multada em R$ 1,5 bilhão pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a empresa está questionando a decisão e a disputa deve continuar na Justiça.

    Antes disso, o grupo tinha sofrido sérias baixas por causa da crise econômica global de 2008. Amargou perdas bilionárias na área de papel e o banco Votorantim só não quebrou porque foi socorrido pelo Banco do Brasil, que comprou metade da instituição.

    Nesse capítulo já houve uma virada. No ano passado, a Votorantim registrou lucro de R$ 1,7 bilhão, um dos maiores registrados entre os grupos privados do país fora do setor financeiro.

    *

    RAIO-X VOTORANTIM INDUSTRIAL

    Funcionários 55 mil no Brasil e exterior

    Empresas Votorantim Cimentos, Metais, Siderurgia, Energia, Fibria (de celulose, com 29% de participação) e Citrosuco (suco de laranja, com 50%)

    Receita líquida R$ 28,1 bilhões em 2014

    Endividamento R$ 16,5 bi ao final de 2014

    Lucro líquido R$ 1,7 bilhão em 2014

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