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    Fundos que aplicam na Apple e no Google ficam mais acessíveis

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    13/04/2015 02h00

    O pequeno investidor brasileiro poderá colocar seu dinheiro em fundos de investimento que aplicam em papéis de empresas estrangeiras negociadas na BM&FBovespa.

    Hoje, só quem é considerado investidor qualificado (quem tem mais de R$ 300 mil disponíveis para investir) pode aderir à aplicação.

    Com a nova regulamentação da indústria de fundos, que entra em vigor em 1º de julho, não será mais necessário ser um investidor qualificado para fazer essas aplicações. Bastará ter o valor inicial –que hoje parte de R$ 10 mil (leia abaixo).

    Editoria de arte/Folhapress

    Esses fundos investem em empresas como Apple e Google, entre outras, que têm BDRs (Brazilian Depositary Receipts) negociados na Bolsa brasileira em reais. O BDR é uma espécie de "comprovante" brasileiro que equivale a ações estrangeiras.

    O investimento é indicado para quem quer aplicar em empresas imunes à desaceleração do PIB brasileiro e aos efeitos da Operação Lava Jato, da instabilidade política e de um rebaixamento na avaliação do Brasil pelas agências de classificação de risco.

    Enquanto o FMI prevê retração de 1% do PIB no Brasil em 2015, a expectativa de crescimento para a economia global é de 3,5%; para os EUA, a previsão é de de 3,6%.

    Por outro lado, são empresas que dependem do desempenho de suas vendas nos mercados globais. Muitas das ações já subiram bastante nos últimos meses.

    Como são negociadas originalmente em dólar, também trazem o risco de flutuação da moeda americana.

    Neste ano, o Índice de BDRs da BM&FBovespa, que reflete os principais recibos estrangeiros, subiu 16,3%, enquanto o Ibovespa (termômetro das principais ações brasileiras) teve alta de 8,6%.

    RISCO ELEVADO

    Boa parte dessa valorização do índice de BDR embute a alta de 15,5% do dólar em relação ao real no período. O índice Standard & Poor's 500, da Bolsa de Nova York, tem alta de 2,1% em 2015.

    No Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não havia liberado a aplicação para pequenos investidores por considerá-la de alto risco em razão de envolver empresas que seguem a regulação de outros países, publicam balanços em inglês e acompanham a variação cambial.

    Fundos multimercados e de pensão, no entanto, já usam os BDRs para diversificar as aplicações e turbinar o rendimento.

    Os papéis da Apple, que estão entre os preferidos dos brasileiros, subiram 31,1% em 2015 em reais (nos EUA, em dólar, a alta é de 15,1%). Os do Google tiveram ganho de 19% (nos EUA, foi de 2,6%).

    "As perspectivas para o mercado brasileiro de ações estão muito restritas. Os clientes querem aproveitar o momento mais favorável de outras economias", disse Ilana Bobrow, da gestora da XP investimentos.

    "O retorno e o risco se mostraram interessantes para o investidor brasileiro", disse Jorge Ricca, gerente de renda variável da BBDTVM, gestora do Banco do Brasil.

    A expectativa da Bolsa é que a nova regra aumente os negócios com os BDRs.

    Segundo Claudio Jacob, diretor comercial da BM&FBovespa, a Bolsa poderá também admitir a criação de um ETF (fundo de índice, negociado como ação) do índice de BDRs.

    NOVA REGRA CRIA APLICAÇÃO SIMPLIFICADA

    A nova regulamentação sobre fundos, que entra em vigor em 1º de julho, também vai permitir a criação de fundos de renda fixa simplificados, de baixo custo, voltados ao pequeno investidor e a quantias menores de aplicação.

    Hoje, os fundos com os menores custos –taxas de administração abaixo de 1%– são oferecidos apenas para clientes de alta renda.

    O fundo simplificado, que deverá aplicar pelo menos 95% dos recursos em títulos do governo, terá obrigações burocráticas menores de prestação de contas aos cotistas, como a dispensa de assinatura de termo de adesão, publicação de avisos em jornais e a substituição de cartas e de comunicados impressos por e-mails, entre outras.

    Para Fabio Colombo, administrador de investimentos, a proposta é bem-vinda e pode impedir que a indústria de fundos se torne elitizada, voltada só aos investidores de maior volume de aplicação.

    A nova regra também vai permitir que fundos brasileiros apliquem até 100% dos recursos no exterior.

    Para os fundos multimercados, o percentual máximo de recursos aplicados no exterior subirá de 20% para 40% do patrimônio.

    Folhainvest

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