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    Para FMI, Brasil e Venezuela devem puxar desaceleração latino-americana

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    14/04/2015 11h39

    O PIB mundial terá 3,5% de alta neste ano, um crescimento "moderado e desigual", segundo relatório do Panorama Mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta terça (14).

    Emergentes e países em desenvolvimento ainda representam 70% do crescimento econômico do mundo, mas estão crescendo menos que o previsto, com destaque para "atividade mais fraca" em países como Brasil e Rússia, diz o relatório.

    Na sexta-feira, o FMI já havia divulgado que o PIB brasileiro em 2015 deve ter uma queda de 1% e se recuperar em 2016 com alta de 1%. O Brasil será responsável pelo menor crescimento da América Latina (de 0,9% para a região neste ano), prejudicada pela queda no preço das commodities.

    A seca brasileira é incluída como uma das razões do baixo crescimento, junto com o ajuste fiscal, confiança baixa do empresariado, relacionada "às investigações da Petrobras". A inflação chegará a 7,8% este ano, acima da meta do governo, caindo para 5,9% no ano que vem.

    Também estão entre os destaques negativos a Venezuela, que deve sofrer contração de 7% –número já previsto no relatório do FMI em janeiro– e o México, que deve crescer 3%.

    Apesar disso, os emergentes devem ter um ano melhor em 2016, empurrando o crescimento global para cima, a 3,8% em média, segundo o Fundo.

    O relatório da instituição é divulgado dias antes da reunião de ministros da Economia e presidentes de todos os Bancos Centrais do mundo, que se reúnem em Washington de quinta a domingo para os "encontros da primavera" do FMI e do Banco Mundial.

    ÍNDIA ULTRAPASSARÁ CHINA

    A Índia ultrapassará a China neste ano entre os maiores emergentes com a maior alta do PIB (de 7,5% estimado para a Índia e de 6,8% para a China). O PIB russo terá queda de 3,8%, a pior performance entre as maiores economias emergentes

    Entre os motivos destacados para a diminuição do ritmo da China está o esforço para reduzir as vulnerabilidades causadas por anos de crédito fácil e excesso de investimento. Para isso, as autoridades estão "desacelerando o investimento, especialmente imobiliário".

    Na Rússia, o destaque negativo é para a queda do preço do petróleo e "tensões geopolíticas". Nos demais emergentes, a redução dos preços das commodities afeta exportações de minerais e produtos agrícolas.

    CRESCIMENTO MODERADO DOS RICOS

    Entre as razões apontadas pelo Fundo para o tal crescimento moderado nos países mais ricos, estão os "legados" da crise econômica mundial iniciada em 2008, inflação muito baixa nesses países, com pouca margem para afrouxar a política monetária; envelhecimento da população e queda na produtividade.

    Em nota cautelosa, o Fundo lembra que ainda há "bancos muito frágeis" e "altos níveis de endividamento" entre as economias mais avançadas.

    A expectativa, no entanto, é que esses países sejam beneficiados pela queda no preço do petróleo.

    As baixas do produto, junto ao relaxamento do ajuste fiscal e ao maior consumo doméstico têm possibilitado que os EUA cresçam acima do previsto desde o semestre passado. Para o FMI, o país deve crescer acima dos 3% ao ano em 2015 e 2016. Um problema apontado para os EUA é a redução da competitividade de certas exportações pela alta do dólar.

    Os europeus também terão um ano melhor, com euro mais barato (e competitivo), petróleo mais barato e juros baixos. Alemanha, Espanha e Itália são destacados como tendo maiores sinais de recuperação.

    Depois de anos de recessão ou estagnação, a Espanha deve crescer 2,5% neste ano e 2% no ano que vem. Pelos mesmos motivos, incluído o de moeda mais competitiva, o Japão deve se recuperar este ano.

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