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    Protestos contra a ampliação da terceirização atingem 23 Estados e DF

    DE SÃO PAULO

    15/04/2015 06h47

    Protestos contra o projeto de lei de terceirização (PL 4330), cuja votação na Câmara Federal foi adiada para a próxima semana, aconteceram nesta quarta-feira (15) em ao menos 48 cidades de 23 Estados, além do Distrito Federal. (veja mapa abaixo). Há registro de ao menos uma confusão, em Vitória, onde houve confronto entre PM e ativistas.

    As manifestações são organizadas por sindicatos filiados à CUT (Central Única de Trabalhadores) e a outras entidades sindicais. Os atos ocorrem em estradas, avenidas, fábricas, portos e refinarias de SP, MG, ES, BA, PA, RS, AM, AP, CE, GO, PB, PI, PR, RO, SE, PE, MA, AL, AC, SC, RJ, MT, RN, além do Distrito Federal.

    Nesta terça, impasse no Congresso adiou a votação do projeto de lei que flexibiliza as leis trabalhistas e amplia a terceirização. Entidades como CTB, CSP-Conlutas, Nova Central e a organização Intersindical –além da CUT– são contrárias ao projeto.

    Em São Paulo, um protesto com manifestantes fantasiados de Ronald McDonald fechou uma faixa da Avenida Paulista no sentido Consolação, em frente ao vão do Masp.

    Os trabalhadores do setor usaram o personagem vestido de palhaço, por ser um dos símbolos da rede de fast-food McDonald's, também para protestar contra a precarização das condições de trabalho.

    Um outro grupo de trabalhadores, entre eles motoboys ligados à UGT (União Geral dos Trabalhadores), fechou uma faixa da avenida Paulista em frente ao prédio da Fiesp, no sentido Paraíso. A faixa foi liberada por volta das 18h.

    Manifestantes também montaram cerca de 30 barracas na Avenida Paulista. Eles pretendem se revezar para acampar no local.

    Em Vitória (ES), as manifestações começaram por volta das 6h da manhã, quando os acessos às duas principais pontes que ligam a capital capixaba ao continente foram fechados. Os manifestantes atearam fogo em pneus e tentaram impedir o trabalho do Corpo de Bombeiros.

    Um soldado chegou a ser agredido por manifestantes. Diante da resistência dos sindicalistas, a Polícia Militar decidiu intervir. Cerca de 50 homens da corporação entraram em ação para liberar as ruas da região central de Vitória. Houve confronto e uso de bombas de efeito moral e spray de pimenta.

    Com a correria, alguns passageiros de ônibus desembarcaram dos coletivos para escapar da confusão. Os sindicalistas acusaram a Polícia Militar de uso de força excessiva.

    Ainda no ES, por volta das 4h, um carro de som parou em frente a uma empresa de ônibus, na cidade de Serra –na região metropolitana–, convocando os trabalhadores para participar dos protestos.

    TRANSPORTE AFETADO

    A manifestação planejada paralisou o transporte público de Salvador e Porto Alegre. Na capital baiana, os rodoviários fizeram uma paralisação na manhã desta quarta-feira (15) entre 4h e 8h.

    O movimento teve a adesão de 100% dos rodoviários, mobilizando uma frota de 2.400 veículos que atendem a capital baiana, segundo os sindicatos. O protesto prejudicou cerca de 1,3 milhões de pessoas da capital baiana.

    No Rio Grande do Sul, pararam os trens que ligam Porto Alegre a cidades da região metropolitana. Também na capital gaúcha, houve paralisação parcial dos ônibus urbanos, que foram impedidos de sair de uma das garagens.

    Em Belém, bancários paralisaram as atividades na manhã desta quarta-feira, segundo o Sindicato dos Bancários, ligado à CUT. O mesmo ocorreu em Rio Branco (AC).

    Em Minas Gerais, um grupo protestava por volta das 7h na portaria da Regap (Refinaria Gabriel Passos), em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Rodoviária Federal informou que a manifestação não prejudicou o trânsito na BR-381, mas pediu para os motoristas evitarem trafegar pela rodovia.

    Em Belo Horizonte (MG), bancários na Praça Sete, região central, no final da manhã, para um protesto contra o projeto de lei. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Minas Gerais, a paralisação dos serviços nas agências ocorreriam até as 12h.

    SÃO PAULO

    Em Paulínia, petroleiros e operários de empresas prestadoras de serviços da Petrobras fecharam a rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332) por 40 minutos na manhã desta quarta-feira (15).

    Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) também houve protesto com o fechamento de ao menos três entradas ao campus, no distrito de Barão Geraldo. O trânsito ficou complicado e houve reflexos até na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332).

    Em São José dos Campos, trabalhadores das fábricas da Embraer e da General Motors, ligados à CSP-Conlutas, iniciaram protestos às 5h, em frente às empresas. Já às 6h, os motoristas do transporte coletivo do município também aderiram ao protesto e, por duas horas, realizaram uma "operação tartaruga" entre a avenida José Longo e a rua Humaitá, prejudicando o trânsito em vias próximas.

    Em Sorocaba (a 99 km de São Paulo) e Votorantim (a 105 km de São Paulo), motoristas do transporte coletivo paralisaram as atividades durante quatro horas, segundo o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região.

    A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região (ligada à organização Intersindical) também realizou protestos na manhã desta quarta em frente a três montadoras: Honda, em Sumaré; Toyota, em Indaiatuba; e Mercedes-Benz, em Campinas.

    Segundo a assessoria do sindicato, em duas delas –Toyota e Mercedes-Benz–, os trabalhadores decidiram por uma paralisação de 24 horas. Na Honda, o início do turno foi atrasado em cerca de três horas. As montadoras têm, juntas, cerca de 5.500 trabalhadores.

    Em Santos, litoral paulista, os bancários fecharam 22 agências da cidade até as 12h. Na mesma cidade, os trabalhadores portuários também cruzaram os braços entre 12h e 14h.

    Na capital paulista, os protestos prejudicaram o trânsito na cidade e nas estradas em seu entorno –como na rodovia Anhanguera na altura do km 19, sentido São Paulo.

    Na Grande São Paulo, um grupo parou às 7h30 o km 15 da pista local da rodovia Anchieta, no sentido litoral, em São Bernardo do Campo.

    A CUT informou desde a semana passada que faria protestos contra a ampliação da terceirização em todas as capitais brasileiras. Mas desde o início desta semana, as convocações ganharam força nas redes sociais à medida que a votação do projeto de lei 4.330 avançava no Congresso Nacional.

    Na capital paulista, uma concentração também ocorreu às 15h desta quarta-feira em frente à sede da Fiesp, federação que representa as indústrias de São Paulo, na avenida Paulista. No local, bonecos que representavam políticos (entre eles o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha) e empresários (presidente da Fiesp, Paulo Skaf) foram queimados.

    ADESÃO

    De acordo com Eduardo Guterra, presidente da Federação Nacional dos Portuários e dirigente da CUT, os trabalhadores dos portos de Santos, Rio, Vitória, Salvador, Recife, Rio Grande e Belém decidiram que devem fazer operação padrão e atos públicos em frente às empresas portuárias para marcar o dia de protesto.

    Segundo José Maria de Almeida, integrante da coordenação da central Conlutas, além dos metalúrgicos do interior paulista, representados pela central, operários da construção civil de Fortaleza e Belém e motoristas de ônibus do Ceará também aderiram aos protestos desta quarta-feira.

    Entre os petroleiros, houve paralisação na refinaria de Paulínia (SP) e em outras localidades.

    MOTIVOS

    As centrais e movimentos populares entendem que, com a aprovação do projeto de lei, o trabalhador contratado diretamente por uma empresa poderá ser demitido para que um terceirizado seja contratado, "com diminuição de salários, de direitos e aumento da jornada de trabalho".

    Já as entidades empresariais e defensores do projeto informam que haverá mais segurança jurídica para as empresas contratarem e maior proteção social aos terceirizados.

    O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o projeto " não traz benefícios nem para a economia brasileira nem para os trabalhadores".

    De acordo com o sindicalista, "ele garante única e exclusivamente tranquilidade jurídica porque o projeto impede ações na Justiça e muito mais lucros para os empresários".

    A CUT já trabalha com a ideia de realizar uma greve nacional para impedir que o projeto seja aprovado e se torne lei.
    Novos atos podem ocorrer na próxima semana.

    Colaboraram os repórteres CLAUDIA ROLLI, JULIANA CUNHA, RENAN MARRA, LUCAS REIS, JOÃO PEDRO PITOMBO, VENCESLAU BORLINA FILHO, ALEX CAVALCANTI, GILMAR ALVES JR., FELIPE BÄCHTOLD E JOSÉ MARQUES

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