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    Metalúrgicos do ABC param Anchieta e protestos atingem todo o país contra projeto da terceirização

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    15/04/2015 11h21

    Metalúrgicos do ABC fizeram manifestações nesta quarta-feira (15) na via Anchieta, em São Bernardo do Campo, em protesto ao projeto de lei que regula e amplia a terceirização nas empresas.

    A votação foi suspensa na noite de terça-feira e deve ser retomada nesta quarta.

    De acordo com a CUT, ao menos 5.000 trabalhadores da Ford, Volkswagen, Mercedes-Benz e Scania se reuniram em dois pontos diferentes da via, na altura dos km 14 e 21, sentido Santos-capital, e caminharam por cerca de duas horas. Eles interditaram a pista, que foi liberada por volta de 9h30.

    O ato faz parte do "Dia Nacional de Paralisação", que ocorre em 24 capitais e reúne trabalhadores urbanos e rurais, segundo informou a Folha.

    Segundo a Mercedes, a fábrica de São Bernardo do Campo estava nesta quarta-feira e ontem (14) parada por que a montadora concedeu folgas a cerca de dez mil funcionários horistas e mensalistas para ajustar a produção.

    De acordo com a central, os trabalhadores da Ford que fazem o turno da manhã decidiram, durante o ato, que não iriam trabalhar nesta quarta-feira. A Ford confirmou que nesta quarta não houve produção na unidade de São Bernardo.

    A Scania informou que parte dos funcionários aderiu à manifestação, mas retornaram à fábrica por volta das 10h. "A produção que não foi realizada durante o período será readequada nas próximas semanas", afirmou a empresa.

    Procurada, a Volkswagen informou que não se pronunciaria sobre o protesto.

    'RASGAR CLT'

    Durante o ato, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que "nem mesmo na ditadura militar tiveram a ousadia de tentar rasgar a CLT como esses deputados fizeram. Eles, para atender aos interesses dos patrões, estão tentando tirar todos os nossos direitos conquistados".

    Em seu site, a central informa ainda que, em Porto Alegre, os motoristas de ônibus também decidiram parar. Em Brasília, também houve adesão de cobradores e motoristas. Os rodoviários também pararam em Recife. Em Maceió e São Luís, protestos interditaram avenidas e a entrada de universidades.

    SÃO PAULO

    Em Paulínia, petroleiros e operários de empresas prestadoras de serviços da Petrobras fecharam a rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332) por 40 minutos na manhã desta quarta-feira (15).

    Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) também houve protesto com o fechamento de ao menos três entradas ao campus, no distrito de Barão Geraldo. O trânsito ficou complicado e houve reflexos até na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332).

    Em São José dos Campos, trabalhadores das fábricas da Embraer e da General Motors iniciaram protestos às 5h, em frente às empresas. Já às 6h, os motoristas do transporte coletivo do município também aderiram ao protesto e, por duas horas, realizaram uma "operação tartaruga" entre a avenida José Longo e a rua Humaitá, prejudicando o trânsito em vias próximas.

    Na capital paulista, os protestos prejudicaram o trânsito na cidade e nas estradas em seu entorno -como na rodovia Anhanguera na altura do km 19, sentido São Paulo.

    MAIS PROTESTOS

    De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, ligado à Intersindical (organização sindical que informa ter representação nacional, mas não mantém a mesma estrutura de uma central sindical), a produção da Toyota e da Mercedes-Benz pararam por 24 horas e houve atraso na entrada de turno da Honda.

    Em Limeira, os metalúrgicos fizeram assembleia, atrasando a produção nas empresas Brascabos, Whirlpool e Weiller.

    Já em Cubatão, segundo a Intersindical, os metalúrgicos da Baixada Santista fizeram protestos contra a terceirização na unidade da Usiminas

    Os trabalhadores do setor químico em Vinhedo (SP) também se mobilizaram e houve atrasos na produção das empresas Rei Abrasivos e Alcar, segundo o sindicato da região. "Os trabalhadores se encontram em passeata e seguiram até a avenida principal da cidade."

    OUTROS ESTADOS

    Em Santa Catarina, os bancários e trabalhadores representados por sindicatos ligados à corrente Intersindical fizeram manifestações no banco Bradesco e na empresa Hering.

    No Rio Grande do Sul, foram alvo dos protestos indústrias do setor plástico da região do Vale do Caí, segundo sindicalistas ligados a essa corrente sindical.

    No Paraná, a manifestação envolveu trabalhadores dos Correios e professores municipais. E, em Minas Gerais, houve panfletagem na Usiminas, na cidade de Ipatinga, de acordo com a Intersindical.

    ATOS DA CONLUTAS

    Segundo a CSP-Conlutas, metroviários, metalúrgicos, petroleiros, portuários, trabalhadores da construção civil, professores, servidores públicos e outras categorias também paralisaram as atividades parcialmente ou por 24 horas em diferentes estados.

    Os metroviários do RS aderiram aos atos, houve bloqueio na saída de ônibus de empresas públicas e a ponte do Guaíba, que liga região Sul com Porto Alegre, foi bloqueada por duas horas por militantes.

    Houve adesão de educadores de escolas de Porto Alegre e de cidades do interior, segundo a central, e agências bancárias também deixaram de funcionar.

    Em São Paulo, manifestações de trabalhadores travaram a rodovia Anhanguera. Já os metalúrgicos de São José dos Campos bloquearam a rodovia Dutra.

    No Ceará, manifestantes se reuniram no centro de Fortaleza e seguiram por ruas do bairro. Lojas fecharam durante o protesto. Operários da construção civil, rodoviários, gráficos, além de servidores e têxteis também participaram de atos.

    Outras manifestações de trabalhadores ligados à CSP-Conlutas também ocorreram em 11 Estados: Pará, Rio de Janeiro, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Amazonas.

    Em Aracaju (SE), os petroleiros decidiram paralisar as atividades durante todo o dia na sede da Petrobras.

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