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    Petrobras prepara a "despolitização" de seu conselho para atrair investidor

    RAQUEL LANDIM
    SAMANTHA LIMA
    NATUZA NERY
    DE SÃO PAULO
    DO RIO
    DE BRASÍLIA

    16/04/2015 02h00

    Na tentativa de ganhar a confiança do mercado após os escândalos da Operação Lava Jato, o governo vai promover uma ampla reestruturação no conselho da Petrobras. O objetivo é retirar praticamente todos os nomes com perfil político e colocar profissionais de mercado.

    Da chapa divulgada pela empresa no final de março, três nomes serão trocados. Ivan Monteiro, diretor de finanças, Francisco Roberto de Albuquerque, ex-comandante do Exército, e o empresário Sérgio Quintella não devem assumir o cargo.

    Segundo apurou a Folha, essas indicações só ocorreram para cumprir o prazo legal e os novos convites já estão sendo feitos. O governo busca especialistas em governança (de preferência com passagem pela Comissão de Valores Mobiliários), em contabilidade e microeconomia e em gestão de empresas.

    Os nomes ainda não estão definidos, porque algumas pessoas precisam passar por uma avaliação de possíveis conflitos de interesse.

    Vai completar o quadro de técnicos indicados pelo governo Luis Navarro, ex-corregedor na CGU (Controladoria Geral da União) e especialista em fiscalização do cumprimento de regras internas ("compliance"). Navarro chegou ao conselho da Petrobras em fevereiro e já faz parte da nova "safra" de profissionais.

    Editoria de arte/Folhapress

    NOVA IMAGEM

    A expectativa da Petrobras com a mudança no conselho é convencer o mercado de que a ingerência do governo vai diminuir. A União já obrigou a companhia a vender gasolina com prejuízo para manter a inflação sob controle e a construir refinarias em Estados de políticos aliados.

    Para especialistas, a mudança é boa, mas só o tempo vai dizer se vai funcionar, devido à proximidade do novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, com a presidente Dilma. Bendine comandou o Banco do Brasil.

    Serão mantidas as escolhas de Murilo Ferreira, presidente da Vale, para comandar o conselho da Petrobras, e do próprio Bendine. Tradicionalmente o presidente da Petrobras também ocupa um assento no conselho.

    Ainda é dúvida a permanência de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, como conselheiro. O banco possui uma cadeira cativa, mas ele poderia indicar outra pessoa. Há divergências sobre quando isso poderia ocorrer.

    O conselho da Petrobras é formado por 10 membros, sendo 7 indicados pelo acionista controlador, que é a União, 2 pelos acionistas minoritários e 1 representante dos trabalhadores.

    O governo ainda estuda se haverá tempo hábil para alterar a chapa de conselheiros antes de assembleia de acionistas, marcada para 29 de abril. Se não for possível, os recém-eleitos podem renunciar, dando espaço para os novos nomes.

    TRANSIÇÃO FORÇADA

    Com a crise provocada pela Lava Jato, que revelou corrupção na empresa e derrubou as ações, o governo vem sendo forçado a trocar os membros do conselho de administração da Petrobras.

    Quando a transição estiver completa, no entanto, será uma mudança significativa. Antes das investigações, o colegiado era formado majoritariamente por ministros e funcionários do governo, que às vezes utilizavam o posto para completar o salário.

    Tiveram assento no conselho da Petrobras representantes dos ministérios da Fazenda, de Minas e Energia e do Planejamento, entre outros. Já chegaram a ocupar a presidência Guido Mantega, ex-titular da Fazenda, e a presidente Dilma, que na época chefiava a Casa Civil. Agora nenhum desses ministérios terá representante.

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