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    Processo por sumiço de bens põe em risco recuperação da Schahin

    JULIO WIZIACK
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    18/04/2015 02h00

    Um processo movido pelo Banco IBM pode colocar em risco o pedido de recuperação judicial apresentado nesta sexta (17) pelo grupo Schahin –a empresa tenta renegociar o pagamento de uma dívida de R$ 6,5 bilhões com bancos e fornecedores.

    Os controladores da Schahin são acusados pelo banco de sumir com patrimônio justamente para não pagar uma dívida com a instituição, no valor de R$ 87 milhões.

    Para cobrir o calote da Schahin com o Banco IBM, a Justiça fez três tentativas fracassadas. Primeiro, pediu o bloqueio das contas bancárias. Só encontrou R$ 22,5 mil.

    Editoria de arte/Folhapress

    Depois, foi atrás dos veículos em nome das empresas do grupo e dos sócios. A Justiça encontrou 168, mas eles tinham restrições que impediam a transferência.

    Na terceira tentativa, partiu em busca de imóveis. Segundo os advogados do Banco IBM, a Schahin tinha dez propriedades em São Paulo que poderiam ser arrestadas para liquidar o débito.

    Mas a empresa vendeu esse patrimônio por R$ 58,6 milhões em janeiro deste ano, depois que a Justiça determinou a execução da dívida.

    A Schahin tentou resolver a pendência com a entrega de parte de suas ações. Mas o Banco IBM não quer se tornar sócio da companhia.

    Essa pendência com o Banco IBM, que corre na Justiça de São Paulo, pode comprometer a tentativa de recuperação judicial da Schahin. Para que o processo siga em frente, a empresa precisa mostrar boa vontade para pagar suas dívidas e entrar em acordo com os credores.

    Nesse cenário, uma acusação de "dilapidação de bens" já na largada pode virar um obstáculo. Procurado para falar sobre a disputa com o Banco IBM, o advogado Joel Thomaz Bastos, responsável pelo pedido de recuperação, não deu retorno. O banco também não se pronunciou.

    No processo, atribuem culpa ao banco.

    Citada nas delações premiadas da Operação Lava Jato como uma das empresas que teria cometido irregularidades na Petrobras, a Schahin entrou na mira do Ministério Público e está impedida pela estatal de participar de novas licitações.

    No pedido de recuperação judicial, os advogados da Schahin afirmam que as finanças da companhia foram fortemente afetadas pela combinação entre a crise econômica, queda no preço do petróleo e pelo escândalo de corrupção na Petrobras, que levou o setor "a uma crise nunca vista antes".

    OUTRO LADO

    Embora não tenha atendido a reportagem, no processo que corre na Justiça a Schahin afirma que o financiamento do Banco IBM foi feito para adquirir equipamentos e serviços da IBM, e que deixou de pagar a dívida porque a empresa não entregou os produtos.

    A IBM nega e o banco diz, no processo, que a operação era um financiamento como qualquer outro. Afirma que o contrato garantia o direito de executar toda a dívida, tanto que a Justiça concordou e determinou o bloqueio de bens.

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