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    Em crise, Schahin abandona setor de construção pesada

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    18/04/2015 02h00

    Com uma dívida total de R$ 12 bilhões, a Schahin decidiu abandonar o setor de construção, que deu origem às atividades do grupo na década de 60.

    As operações na área foram encerradas por pressão de credores "há algumas semanas", informou a empresa no pedido de recuperação judicial protocolado nesta sexta-feira (17).

    De acordo com o documento, os credores exigiram o término da operação de construção como condição para que o grupo pudesse negociar novos financiamentos.

    Editoria de arte/Folhapress

    Por conta da situação financeira delicada e do cancelamento de parte de suas atividades, funcionários vêm sendo demitidos. A empresa firmou que lamenta os cortes, mas não esclareceu quantos foram dispensados.

    Envolvida na Operação Lava Jato, a Schahin ficou sem acesso ao mercado de crédito e o dinheiro em caixa rapidamente secou.

    "Os mercados de dívidas e de investimentos para os setores de engenharia e petróleo fecharam. E não há qualquer perspectiva de abertura", afirmaram os advogados da empresa à Justiça.

    Sem recursos até mesmo para a manutenção de equipamentos, a Schahin suspendeu a operação de 5 das 6 sondas que aluga para a Petrobras e recorreu à Justiça para escapar da falência.

    A estatal é a única cliente da Schahin Petróleo e Gás, subsidiária que ficou de fora do pedido de recuperação.

    A petroleira notificou na sexta-feira (17) a empresa e deu 15 dias para que explique a paralisação dos equipamentos sob risco de ter contratos cancelados.

    Chegar a um acordo com a estatal é central para o grupo, já que, com fim da companhia de engenharia, é com a área de óleo e gás que tentará sobreviver.

    No documento apresentado à Justiça, a Schahin afirmou que, além de reduzir as operações, tentará vender ativos para levantar recursos. Mas não detalhou o que está à venda nem o quanto poderá arrecadar.

    A empresa afirmou que, ao longo dos últimos meses,tentou lançar títulos no mercado, renegociar dívidas e repassar contratos de obras para terceiros a fim de evitar a recuperação judicial. Nenhuma das estratégias, porém, foi bem-sucedida.

    No total, 28 empresas do conglomerado estão no pedido de recuperação (15 delas com sede no exterior).

    Caso o plano seja aprovado pela Justiça de São Paulo, a Schahin terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação. Uma assembleia com os credores será então agendada para votá-lo.

    Caso a maioria o aprove, a empresa poderá implementá-lo. Se for rejeitado, o grupo terá de pedir falência.

    INVESTIGAÇÃO

    A Schahin não teve executivos presos no curso da Operação Lava Jato, mas foi citada como parte do esquema de pagamento de propina a ex-funcionários da Petrobras.

    Ela é acusada também de participar do cartel de empreiteiras que superfaturava obras na estatal.

    Por causa disso, a Petrobras vedou a participação da empesa em novas licitações.

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